Bendegó: Uma não crítica teatral...
(Um VERDADEIRO Espetáculo Cênico da Cia Definitiva de Teatro)
Bem? Dé? Gó?
Sei lá. Pensei várias formas de começar esse texto.
E resolvi fazer essa crítica teatral de forma tradicional (que eu mesmo inventei), meu estilo. E como bacharel em artes cênicas com habilitação em teoria teatral, acho que posso escrever assim. Na verdade qualquer pessoa pode escrever como quiser (quem diz que tem que ser de tal forma específica é quem está lá sentado na cadeira institucional como professor, apesar de ser, aqui não é o caso, é internet... vida "real"). Bem, decidi não ler nada sobre o espetáculo. Nem o release. Muito menos o nome dos artistas (afinal, conheço todos). Não é uma melação, babação, ou sei lá o que possa parecer, até por, nem preciso disso, nem eles.
E quem sou eu? E quem são eles? Ou melhor, quem é você?
“Do começo para o meio, eu só pensava que minha mainha deveria assistir (mesmo sabendo que ela não vai vir para o RJ... e infelizmente eles não vão para Olinda-PE)... Também curti o lance dos 3 porquinhos para construção cênica (foi uma das coisas mais legais para mim, para o Lucas Leal) No final dos espetáculo, com a fala do Jeff (o narrador mais bonito que já vi em cena.. e estou falando de beleza física mesmo... e isso não é um flerte, afinal, sou hétera, e enfim... estava falando de que mesmo?...) ahhhhhhhhhhhhhhh, do final, eu chorei. E isso simplesmente aconteceu pela primeira vez no teatro comigo. Eu chorei e pensei.... é sobre mim a peça?”
É muito esquisito tentar explicar algo escrito sobre aquilo que é preciso ver. Ai fiquei pensando que eu poderia simplesmente escrever uma frase para o espetáculo e não uma crítica.. e seria a seguinte:.
“VÁ ASSISTIR O QUANTO ANTES, VOCÊ PRECISA...”
UFA, depois de 3 horinhas do término da apresentação especial para convidados (Menina como tô chik), comecei a escrever o que estava
ecoando na mente. Não escrevi antes porque fomos ao bar perto do Sesc Tijuca,
comer, uns beberam (eu não bebi, muito raro isso acontecer). Voltando... Um bonde
pesadão da “Unirio”. Aff, pense num lugar que nos permite sonhar... não pelos
professores, não pelas pessoas que estudam lá... mas pelo sonho de ser artista reconhecido academicamente também. Sei lá o que é... talvez seja
aquela pedra no meio do Jardim que tanto me encantou no dia 12/07/2009 quando
cheguei de carona para o congresso de Biblioteconomia. Aquela pedra é mágica,
igual o meteorito cênico de Bendegó (nem vou dar muito spoiller, você precisa
assistir.. lembra da frase resumo dessa “não crítica teatral”?).
- Vocês podem achar que fugi do tema ou estou viajando e falando nada com nada, mas o diretor da minha vida, que sou eu... decido como e quando fazer e o que escrever. Bendegó nos pede isso. Vá lá ver...
Eu sou talvez o pior bacharel em artes cênicas com habilitação em teoria do teatro formado pela Unirio... e por isso me permito escrever uma não crítica tradicional (inventada por mim) sobre algo impossível de se explicar. A CAPACIDADE DO TEATRO, OPS, DA CIA DEFINITIVA, em me fazer chorar no teatro, espaço cênico e/ou linguagem artística que salvou a minha vida. Eu nunca tinha chorado assistindo teatro, porque é algo que sempre me deixa feliz independente do texto e atuações.
Numa das cenas Paula (a atriz, e nem vou procurar o sobrenome dela hahaHa, enfim, é irrelevante agora porque vocês vão assistir e receber o marcador de livro com toda ficha técnica bonitinha feita com muito carinho e afeto pela produção deles)... enfim e voltando ao que queria dizer... a atriz Paula fala “eu quero isso, eu, eu, eu, eu...” Cacetildes... é isso que vivemos, o tempo do “eu”. Segue “eu ai”, tu segue, as vezes alguns até te seguem de volta, e depois deixam de seguir, outros nem te seguem de volta (as vezes pessoas que estudaram com você anos... choraram... sorriram... em tempos idos e difíceis... mas não te seguem pq?). Enfim... que P***A de sociedade estamos? Sociedade do eu. E não se trata de esquecer-se pelo outro, para fingir que é gente boa, eu não faço isso. Na vida (na minha e deveria ser assim para todos), vem primeiro eu, e depois o nós. No sentido de se cuidar e cuidar. Mas a sociedade atual está se transformando em algo que não consigo suportar. Ninguém cuida de ninguém. Parece que estamos todos machucados e precisamos machucar. Eu recuso-me a aceitar e ser assim. Dou meu melhor para os outros, sempre que posso, com uma única condição: não me machucar pelo outro.
Pois bem... não quero e nem preciso, que vocês gostem do que estou escrevendo e muito menos que entendam. Hoje, vivendo “o meu futuro”, sem pensar “que fui aquele menino de 8 anos que dizia que jamais deixaria que alguém tirasse o sorriso do seu rosto porque sua mainha pediu. Afinal, eu deixei em muitos momentos que tirassem o meu sorriso... mas hoje, uma pessoa tentou tirar o meu sorriso... e me deu uma escolha.. aceitar estar sem sorrir, ou ir embora... e o que vocês acham que escolhi? Ir embora... hoje eu sou o meu futuro e jamais deixarei você tirar o meu sorriso, e quando digo você... é qualquer pessoa que tente, ou melhor, que ouse... como você vai tirar o sorriso de um cara que chegou de carona no RJ, morou no alto do morro dividindo uma kitnet com 5 pessoas, incluindo um que recém havia largado o corte de cana na Paraíba, analfabeto e até com dificuldade na articulação verbal... e hoje é pós doutor pela UFRJ com a pesquisa supervisionada pela imortal Heloisa Teixeira? A pessoa que tenta isso deve ser muito foda. Muito mesmo. Eu não disse isso para ela, mas estou escrevendo... e espero que ela lembre... nenhum Diretor, AD ou produtor de qualquer que seja o local tem a capacidade intelectual de entender o quão grande sou... e sabe como descobri? No teatro. E sabe como confirmei? "Entendendo o que Bendegó quis me dizer".
Bem, se você chegou até aqui sem entender, alcancei meu objetivo. Se você chegou até aqui nesse texto sem entender, mas está achando interessante, VÁ ASSISTIR HOJE AO ESPETÁCULO “BENDEGÓ” no Sesc Tijuca.
Essa não crítica teatral com fragmentos e incompletudes de histórias do “meu eu”, não é pela necessidade de “me afirmar”. Pelo contrário. Caguei para sociedade. Se toquei fogo na Universidade que me formei em artes cênicas como aluno e quando estive como professor (o Nero da museologia, o não representante do teatro da Unirio), você acha mesmo que me importo com o que você está pensando sobre mim, minha escrita e sobre quem eu sou? Jamais mona. E digo mais, e digo ao contrário. Eu me importo sim. Eu me importo todas as vezes que você distorce uma fala minha. Eu me importo toda vez que você distorce uma ação... eu discordo quando você se sente ofendido com algo que te disseram e você nem viu e/ou ouviu... Eu me importo com sua incapacidade crítica. Ai sim eu me incomodo. Mas, fico feliz, quando alguém vem e fala “ontem estavam falando de você”, bem ou mal... não importa... falem de mim (afinal, sou artista... quanto mais falarem de mim, mais serei lembrado... essa é a lógica inclusive do algoritmo do Instagram.
Mas bem, eu também acho um saco textos grandes,
e eu queria escrever um livro sobre o que estou sentindo. Mas vou dizer uma outra coisa muito importante
que aconteceu hoje assistindo “Bendegó”:
O MEU ANO ACABOU (não preciso ver, ouvir ou refletir sobre mais nada depois do dia 07/11/2024). Obrigado artistas. Obrigado Bendegó
Não Existirá nada até um próximo experimento cênico desses artistas danadinhos que eu forcei amizade nos últimos 15 anos... afinal, quando entrei na Unirio (2010.1) eles já eram os melhores dos melhores. E não forcei a barra porque queria fama, dinheiro, status social. Forcei a barra porque eles são os melhores. E eles são os melhores por serem quem são. Nesse segundo que vos escrevo, fiquei arrepiado... porque uma das coisas mais interessantes de assistir Bendegó foi perceber o quão eu sou protagonista do filme da minha vida. Apesar de que também sou meu maior vilão. Mas, nessa nova cena do meu filme eu me dei bem. Cacetildes, sentei na primeira fila do espetáculo e tinha meu nome na lista, numa apresentação apenas para convidados, num teatro com poucos lugares. Veeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiii... nem nos meus maiores sonhos eu imaginei que isso um dia aconteceria. E não por baixa autoestima, mas reflitam comigo o quão distante isso é para um nordestino favelado que chegou de carona no Rio de Janeiro.
Para vocês que chegaram aqui agora (na minha vida), e está pegando a parte final, eu bem, com tudo estruturado, concursado... esse texto vai ser confuso e talvez você precise reler. Adianto que apesar de ser meu, para mim, sobre o que senti e decidi desenvolver textualmente, ele não se trata de mim... muito menos Bendegó foi inspirado em mim. Mas poderia. E ele foi escrito para você, porque ele fala de todos. E digo mais, esse texto não é uma crítica teatral. É apenas um texto crítico-analítico de um favelado sonhador.
MUITA COISA VIU... MUITA COISA MESMO...
Bem, para quem ainda está com paciência de
tentar entender esse texto, o que te custa refletir sobre quem você é, foi e
gostaria de ser? Medo? Comodismo? Cansaço? Desesperança? Ego? Seja lá o que
for. Vá no espelho agora e se olhe. Se valorize. Levante a P***A da sua B***A
da cadeira... saia do Cara**o do seu mundinho de reclamações, lamentos e
frustações, afinal, se você quer saber qual caminho seguir, pergunte ao “caminho”. Ora bolas. E se você assistir o espetáculo depois de ler o texto, por favor,
manda um zap, direct, comentário aqui no blog, dizendo... “Lucas, eu entendi o
seu texto...” (mesmo que você discorde e/ou me odeie).
Para finalizar e ter um pouco mais de comprometo estético com a crítica teatral.... meu veeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiii, que figurino é esse? Que make hein? E o cenário? Alucinante, alucinógeno. Eu cumpri a minha missão como fã dessa companhia, NÃO LEIO RELEASE/SINOPSE de nada deles e passo o ano ansioso para ter algum espetáculo do grupo (aprendi a fazer isso com filmes... se leio, "meio que já estou contaminado por aquilo que li").
Preciso falar da direção do Jeff? Adiantaria fazer uma crítica da cena da Livs no telefone sem você ir assistir? Do João como motoboy e aquele velho tratamento de M**da que esses caras recebem no dia a dia? (...) da dança de João e do Marcelo... e o que falar da postura cênica do Renato aqui e você não ir lá ver? Não adiantaria de nada. E o nada é um tema ali presente. O tempo. O estado de consciência do VAZIO. Vazio de eus, vazio de nós... o que falar sobre a impecável capacidade ÚNICA NO MUNDO da articulação da musculatura da boca da Tamires? A única coisa que posso dizer é: Qualquer um desses, quando eu ver na tv, vou ter orgulho de fazer print, dizer que amo e que são os melhores do mundo, porque são. Eles são artistas. Eles não são a Unirio e sua estrutura hierarquizada e elitista. Eu forcei tanto amizade que eles até esquecem que sou apenas um fã. Posso ser um fã grandão, se formos falar de títulos acadêmicos, talvez eu tenha mais do que todos do elenco e produção... mas eu me sinto tão pequeninho perto deles (e no bom sentido, porque me motiva e impulsiona a reagir, a crescer e buscar mais e mais e mais caminhos para minhas atividades artísticas, no sentido de ampliação e profundida). Spoiler: Eu perdi tudo na "sarrada no ar" da Livs kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Ali me quebrou hahaha
Foi isso tudo ai e muito mais que refleti e que deu vontade de escrever e colocar no blog (não postava desde 2021 rsrsrsrs nada depois de 2020 fazia sentido até assistir Bendegó). Queria muito que essa galera mostrasse esse trabalho para o mundo, fizesse lá na minha favela, mas, a ilusão de que o teatro vai mudar o mundo morreu quando vi e vivi tudo que vi e vivi no Brasil de 2015 para cá (e quem é esquerdopata, comunazi, como eu, vai entender).
De 2015 para cá o tempo parecia ter a necessidade de correr, e correu, e o espetáculo também fala disso. Queria que todo ser humano fosse feliz (principalmente com suas escolhas e com aquilo que tem e/ou conquistou), e eles também falam disso (ou eu que viajei na maionese?).
Uma dúvida genuína... ele conseguiu entregar em mãos
os documentos? Abriram? O que tinha dentro? Kkkkkkkkkkkkkkkkk E o pior de tudo
é: Falei para eles que ia ficar sem dormir, e sim, cá estou eu, 1:28... tentando
concluir algo que nem fiz, uma singela crítica teatral (ou melhor dizendo, uma não crítica teatral e sim relato de sentimentos, sensações e emoções que pouco consigo descrever). Essa não crítica teatral é confusa como tudo que
faço na vida, sincera como tudo que tento ser... profunda como sou... e vazia,
para quem não me conhece, discorda, não gosta de mim, ou sem sentido para quem
não for assistir ao incomparável espetáculo teatral Bendegó.
Obs: *Certamente eu gostaria de escrever mais e outras coisas, mas agora preciso encerar de verdade.... e espero que você vá assistir, e não apenas assistir, que você consiga VER, com seu olhos, o que leu aqui e eu não consegui explicar. e NÃO vá achando que ouvir é importante, você precisa escutar. Ouvir, ouvimos muitas coisas todos os dias. Escutar... é ter atenção com aquilo que está ouvindo. Certamente você, como eu, vai ter que ir várias vezes e levar as pessoas que você sabe que precisam ir lá... e quem falar que não gostou... “vá comer sal” e “morra pela língua”... afinal, que tipo de poeta sou eu? De qual lugar?
O POETA É POETA EM QUALQUER LUGAR...
Um beijo, um queijo e um abraço de
caranguejo
Rio de Jeneiro, 08/11/2024
L.L.ouco
Fotos ilegais (afinal, foi sem autorização)