ARTIGO 2015.1 SOBRE ATIVIDADES 2014.2
DANDO CONTINUIDADE A BRINCADEIRA... HOJE É SEXTA SIM... E VOU FALAR DE 2014.2 QUE REVERBEROU, JUNTO COM 2014.1, DANDO RESULTADO EM 2015.1 (COM MINHA REPROVAÇÃO NA PROVA DE AULA PELO DEPARTAMENTO QUE FIZ PARTE POR DOIS ANOS COMO SUBSTITUTO).
link do evento: http://www.seminarioredes.com.br/
link do Episódio um da Série A-MEM: https://www.youtube.com/watch?v=IdZGpcNkB00
FORMAÇÃO DE PROFESSORES E
ANIMAÇÃO CULTURAL: RELATO FINAL DE PESQUISA-AÇÃO NA FFP-UERJ
Autor: Lucas Leal[1]
RESUMO
A pesquisa-ação interdisciplinar foi elaborada
a partir das Disciplinas: Educação, artes
e Ludicidade e Sociologia da educação
na Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (FFP-UERJ) entre 2013.1 e 2014.2.
Partindo da discussão entre Direitos Humanos; arte; política; contos de
fadas; sociedade, trabalharam-se conceitos “dos círculos de cultura a animação
cultural”. Após 3 semestres de atividades aproximamos o estudo com a
prática cinematográfica na internet e a ideia foi ampliar conceitos de
cineclubes. O objetivo para formação de professores foi articular novas
possibilidades do ensino presencial com auxílio de ferramentas On-line.
Priorizando construção coletiva e incentivando a potencialidade crítica,
elaborou-se projeto sobre acessibilidade
no campus da FFP-UERJ (São Gonçalo-RJ). Com base nas aulas surgiu a ideia de
uma série para divulgar no facebook intitulada A-MEM, inspirada na série em quadrinhos, tv e cinema X-MEN.
Palavras-chave: Formação de professores,
Pesquisa-ação; Sociologia; Arte e Política.
INTRODUÇÃO
Este artigo “encerra” uma
série de artigos[2]
que consegui elaborar em cada semestre a partir da atividade como professor
substituto entre 2013.1 e 2014.2 na Faculdade de Formação de Professores da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP-UERJ). Tentando integrar artes e
sociologia, disciplinas que lecionava pelo Departamento de Educação na
Instituição, montei um esquema de Pesquisa-ação com base em proposta de ensino,
ou plano de ação, que fiz durante a prova para professor substituto da
disciplina Educação artes e ludicidade.
Partindo da discussão entre Direitos Humanos; arte;
política; contos de fadas e sociedade atual, trabalhei conceitos “dos círculos
de cultura a animação cultural”. Após três semestres de atividades, neste
artigo, trago questões sobre cinema na internet, pensando em ampliar conceitos
de cineclubes. O objetivo para formação de professores foi articular novas
possibilidades do ensino presencial com auxílio de ferramentas On-line.
Priorizando construção coletiva e
incentivando a potencialidade crítica, elaborou-se projeto sobre acessibilidade no campus da FFP-UERJ
(São Gonçalo-RJ). Com base nas aulas surgiu a ideia de uma série para divulgar no facebook
intitulada A-MEM, inspirada na série
em quadrinhos, tv e cinema X-MEN.
Para o trabalho fundamentar-se, trouxe algumas questões sobre estética e noção
de experiência na produção artística.
No artigo vou elucidar algumas questões finais da
pesquisa, que também tive o prazer de articular no artigo FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ANIMAÇÃO CULTURAL: UMA NOÇÃO DE
ESTÉTICA E EXPERIÊNCIA; apresentado como avaliação parcial da
disciplina Estéticas do Teatro –
Ministrada pela Prof. Dra. Flora Sussekind do departamento de Teoria do Teatro[3]
da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro no Centro de Letras e Artes
(CLA - UNIRIO).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O desafio de compreender formação de professores a partir da
arte é o mesmo de entender estética teatral. É o mesmo de compreender o mundo.
O mundo fala, e nós, aprendemos a falar com ele. É o mesmo desafio de elaborar
uma obra de arte e compreender como o artista pensou para criar. O que é o ato
de criação? O que é uma pesquisa-ação na formação de professores? Ou melhor, o
que caracteriza a experiência da criação artística? E o que caracteriza uma
pesquisa-ação? Há formas e definições para ambas as questões? Quais elementos
rompem com a estética estabelecida? O acaso?
Um criador não é um ser
que trabalha pelo prazer. Um criador só faz aquilo de que tem absolutamente
necessidade. A contrainformação só é efetiva quando se torna um ato de resistência.
Arte, que carrega resistência do tempo, é aquela que perdura e sobrevive a
morte (do autor ou movimento artístico). A arte como experiência, é
necessariamente não passiva. Mas, algumas obras são empecilhos para teorias
sobre elas. Que devem ser analisadas na e com a experiência. Assim deve ser
vista quando ela (obra) cria um topos, ela perde seu lugar. E no ato de formar-se como professor, através
da ação, e por isso, através da experimentação, é em si um ato criador?
A experiência se produz pelo
estranhamento, pelo novo, e, quando coletivamente, se faz pelo diálogo. Por
isso é importante, por vezes, sair do campo da arte para o campo da vida
(experiência real), deslocar-se, sair do seu vocabulário e repensar questões.
Questiona-se, dessa forma, que a experiência se tornou algo não comum, pois
temos respostas prontas, olhares, perspectivas em relação a tudo, uma anestesia
social coletiva.
Assim, criar um lugar de
fora na crítica ao que fazemos, por exemplo, tenciona o horizonte sobre a
realidade estabelecida. E com isso nos perguntamos: Como intensificar novos
pontos críticos? Essa perspectiva nos aproxima de uma compreensão antropológica
para discussão de estética e experiência como princípio norteador para
professores críticos e atuantes.
Dewey (apud Barbaras
1999, p. 119) amplia perspectivas para discutir a importância da noção de
experiência estética, que difere da noção de cotidiano. As obras (de arte)
servem nesse contexto para se compreender questionamentos históricos, obrigando
o expectador a se deslocar para o local da obra, ajuizar sua construção, e
caracterizar como algo localizado em determinado tempo. Dessa maneira, a
experiência cognitiva será a relação com a obra.
Ter uma experiência com a
obra é fundamental para compreensão histórica. Deslocar-se para outro ponto é
um aspecto doloroso. Nesse ponto Renaud
Barbaras (1999) nos remete a pensar o mundo e a obra de arte (como aspectos
distintos). A Experiência estética,
vivência, modo de presença do sensível, é, portanto, ação e reflexão:
O campo da estética, portanto, é definido ao mesmo tempo por
um certo tipo de vivência, um certo modo de presença do sensível correspondente
e uma relação específica entre sensação e ação. O objetivo estético excita em
nós um sentimento que é da ordem do desejo e que Valéry compara explicitamente
ao amor: nele se encontra, diz ele , uma combinação de volúpia, de fecundidade
e de uma energia bastante comparável aquela que emana do amor (Idem, Ibidem,
p.89).
A expectativa hoje, em
relação a criação artística, se relaciona com nossa percepção da obra:
Assim, com todo rigor, a percepção de uma obra – pelo menos
a percepção da obra como objeto estético, ou seja, como ausente a ela própria –
consiste num agir, numa criação que se pretende uma recriação. (Idem, ibidem,
p.90)
Nesse sentido a relação
estética do sujeito com sua criação, deve ser uma reflexão histórica, um
estudo, que é por isso, uma recriação, com algum intuito para existir. Sobre
isso, o mesmo autor diz que:
A produção é o modo de percepção adequado à presença
específica da obra: a simples satisfação estética, não seguida de efeito, é
como um grau zero de recriação, e a criação do artista, uma percepção à altura
daquilo que é vivido (Idem, Ibidem, p. 90).
Neste ponto, precisamos
refletir em relação ao próprio fazer artístico dentro da formação de
professores. Se for uma recriação mediada por um estudo histórico,
necessariamente irá carregar características de seu tempo, e especificidades do
autor. Neste sentido o autor nos aponta que:
Assim, longe de marcar uma ruptura em relação a uma
sensibilidade que não seria mais do que passiva, a obra de arte aparece, aos
olhos de Valéry, como aquilo que vem prolongar uma atividade espontânea no
cerne da sensibilidade (Idem, Ibidem, p. 91)
O ponto, entre
experiência e criação, revela que “(...) a perspectiva de Straus confere
embasamento teórico à descoberta de Valéry de uma unidade entre arte e a
experiência fundada no plano da sensibilidade, ou seja, de uma unidade entre a
estética e a experiência” (Idem, Ibidem, p.94). Esse ponto me remete a pensar
sobre o ato criador, e a relação com a produção (artística) de acordo com
Deleuze (1999):
As ideias, devemos tratá-las como potenciais já empenhados
nesse ou naquele modo de expressão, de sorte que não posso dizer que tenho uma
ideia em feral. Em função das técnicas que conheço, posso ter uma ideia em tal
ou tal domínio, uma ideia em cinema ou uma ideia em filosofia. (p.2).
É importante observar que no ato
criador, o artista passa da intenção para realização, utilizando conceituações
subjetivas. Sua luta pela realização é uma série de esforços, sofrimentos,
satisfações, recusas, decisões que não são totalmente conscientes,
principalmente no plano estético.
Resulta-se, nesse conflito, uma
distinção entre a intenção e a realização, que não é consciente (por parte do
artista). Esse processo é importante, na medida em que percebemos, que na obra
final, em muitos casos, não se verifica a intenção, que por vezes, representa a
inabilidade do artista em expressar integralmente a sua intenção.
O ato criador toma outro aspecto
quando o espectador experimenta o fenômeno; e o papel do público é o de
determinar qual o peso da obra de arte na balança estética. Consequentemente, o ato criador não é
executado somente pelo artista; o público estabelece o contato entre a obra de
arte e o mundo exterior, decifrando e interpretando suas qualidades intrínsecas
e, desta forma, acrescenta sua contribuição ao ato criador. Isto se torna ainda
mais claro quando a posteridade apresenta outra “verdade”, por vezes,
“ressuscitando artistas esquecidos”.
Ao refletir questões de estética e
experiência no curso de Bacharelado em Artes Cênicas com habilitação em teoria
do teatro, busquei relacionar os conceitos com minhas atividades como docente
na turma da disciplina Educação, Artes e Ludicidade II (2014.2) na Faculdade de
Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(FFP-UERJ). Neste momento do trabalho,
preciso explicar um pouco do processo iniciado em 2013.
Essa é a fase
final de uma pesquisa-ação (entre 2013.1 e 2014.2)[4]. O projeto foi pensado
para disciplina Educação, artes e
Ludicidade (exclusiva para pedagogia) e acabou sendo integrado com outras
disciplinas, como Sociologia da Educação
(Licenciaturas); Sociologia e Educação I
(Pedagogia); arte e educação
(Eletiva/Licenciaturas). A temática central escolhida foi: Animação Cultural: Conceitos e ação.
Os primeiros passos em
2013.1[5] com inserção de atividade
com Educação em Direitos Humanos (EDH) e cineclubismo virtual; 2013.2[6] com atividade de criação
virtual; e 2014.1[7]
com desenvolvimento de atividade de animação cultural presencial com auxílio
para divulgação em meio virtual[8]. Neste trabalho, portanto, apresento as
considerações do semestre 2014.2, com base em elaboração de um cineclube
virtual.
Dentro da formação de professores, discuto conceitos a
partir da pedagogia histórico-crítica (Saviani, 2008); adotando outras duas
perspectivas, dos “círculos de cultura” (Paulo Freire, década de 1960) até a
“animação cultural” (Melo 2002,2004,2006); no contexto da cultura digital
(Buarque de Hollanda, 2004). Estes conceitos se associam com a perspectiva de
Reinventar a Escola (Candau, 2004), atualizando conceitos da cultura na
educação como caminho para formação crítica dos professores/educandos
(discentes da referida Instituição).
Em 2014.1 após discussões sobre sociedade, cultura, arte e
política surgiram as inquietações e insatisfações dos discentes: A própria Instituição de ensino. E
pressupondo minha paradoxal posição de mediador cultural institucionalizado, e
facilitador das questões que surgiam, ao propor atividade criativa, crítica,
com base “nos círculos de cultura a animação cultural”, proporcionei espaço
para questionamentos sobre o contexto em que eles estão inseridos.
O estudo seguiu base
teórica/filosófica a partir de Paulo Freire e chegando em Vitor Melo de Andrade, onde percebemos ao
longo do semestre que o diálogo seria necessário e fundamental para
concretização da atividade coletiva. A atividade se materializou em forma de
evento intitulado Cine-Sarau Ar-te: Um
dia, ocorrido em 07/08/2014 (na FFP-UERJ), onde além de elaboração de um
filme/teatro pela Turma de Arte e
educação (T1), tivemos pintura com stencil
e performances musicais[9].
Após apresentar brevemente as propostas e histórico mais
recente da pesquisa-ação, onde trato de direitos humanos, direito a educação,
compreensão da igualdade de direitos e diferenças de necessidades, apresentarei
a especificidade das questões trabalhadas com a turma 2014.2 e o projeto criado
coletivamente sobre acessibilidade.
As relações que começo estabelecer com o estudo estético e
noção de experiência localizam questões dentro dos estudos culturais
contemporâneos. Também é importante atentar pra compreensão de questões de
ocupação de espaço público na perspectiva de entendê-los ou estende-los como
cenários artístico-culturais.
A ideia de intervenção artística surgiu em pesquisas a
partir de questões políticas públicas, de acesso e permanência, como fundamental
para formação de professores conscientes, dialógicos e por isso participativos,
em busca da práxis autêntica. O cinema como tema
gerador[10]
já está estabelecido como caminho metodológico para a escolha da minha atuação
pedagógica.
Aqui, nesse momento final
da pesquisa, cabe discutir inserção dos educandos, futuros educadores, na
compreensão da potencialidade que as novas mídias assumem nas questões sociais
de hoje. Pressupondo o avanço técnico e tecnológico, na quarta geração de
direitos (CANDAU, 2009), o da inclusão digital, a internet e as redes sociais,
como o facebook, afirmamos a importância das referidas plataformas para
seguimento da pesquisa-ação.
O intuito da pesquisa foi
compreender conceitos e possibilidades para animação cultural na perspectiva de
formação de professores, pressupondo a fundamental necessidade dos jovens (e
adultos) se perceberem como atuantes, produtores de cultura e arte, não somente
consumidores passivos dos grandes mercados de cultura.
Para elaborar a pesquisa,
estabeleceram-se inúmeros desafios, e aqui, de forma breve e cronológica,
apresentei algumas considerações
trabalhadas a cada semestre, desde 2013. Foram 4 semestres de atuações
intensas, como professor substituto, na Faculdade de Formação de Professores da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP-UERJ)[11].
Todas as atividades foram
elaboradas como planos de aula, com base nas ementas das disciplinas
lecionadas. Fundamentam-se e se elucidam questões oriundas principalmente das
turmas de artes. Entretanto, sempre que possível, em cada artigo, localizo
especificamente a disciplina em que se desenvolveu a atividade.
Este artigo finaliza dois
anos de pesquisa-ação, com base em proposta acadêmica desenvolvida durante a
prova para professor substituto da disciplina Educação, artes e Ludicidade do
departamento de educação da referida instituição. Os conceitos foram extraídos
principalmente da pesquisa de mestrado, com base em estudo de caso em um
projeto de extensão universitária (2011-2013)[12].
Todas as pesquisas
dialogam com educação popular, educação de jovens e adultos, metodologias e
práticas pedagógicas com discussão sobre políticas públicas. Neste sentido, as principais questões de
interesse também são características de sociedades pautadas em históricas
desigualdades sociais. Assim, os aspectos desmembrados em pesquisas e artigos,
são sempre compreensões provisórias, experienciações, buscas por conceitos
culturais e artísticos, que faz parte também da minha formação como docente e
artista.
Já destaquei que este
artigo encerra outra parte da pesquisa, que teve que ser reformulada frente às
questões institucionais. Por ser professor substituto, minhas atividades
docentes são somente de ensino, impossibilitando atuar em atividades extensionistas
e/ou de pesquisa. Dessa forma, viabilizei as atividades na formação de
professores compreendendo a pesquisa-ação, dentro do plano de aula com base nas
ementas das disciplinas de graduação. Abaixo as principais questões de
interesse:
- Animação cultural.
- Cinema e cineclube.
- Artes integradas.
- Internet; novas mídias
e educação Online.
- Lúdico
- Contos de fadas.
- Reviver.
- Celebrar.
- Arte e política.
PLANO DE ATIVIDADES
2014.2: Disciplina Educação, artes e Ludicidde II
Vou trabalhar no curso conceitos de arte, política,
contos de fadas, cinema e internet. Iniciaremos o curso compreendendo “dos
círculos de cultura a animação cultural”. Aproximaremos questões da prática com
cinema na internet (atualizando conceitos discutidos através dos Estudos
Culturais Contemporâneos). A ideia é ampliar conceitos de cineclubes e
articular com as novas possibilidades do ensino presencial com auxílio de
ferramentas On-line.
Palavras-chave: arte; cinema; internet;
Cineclube; EOL.
CRONOGRAMA:
Setembro/Outubro (15h): Estudos culturais;
Animação cultural; uso do cinema no contexto da educação popular.
Novembro (PRÁTICA) (10h):
Criação de um cine-clube
virtual; contos de fadas; textos clássicos: “Alice no país das maravilhas” e o
“Mágico de Oz” (temas geradores)
- Indicações: de 15 em 15 dias (pelo facebook); Criar nome; escolher
atribuições individuais; fanpage + evento para cada “exibição”; curadoria dos
filmes para dezembro e janeiro (4); Inicialmente marcar os filmes com horários
fixos para fóruns de debate sobre o filme como “temas geradores” (na hora da
aula na UERJ).
Atividade Dezembro (10h): Após marcar a data de
estreia do cineclube virtual, todos devem entregar relatório individual antes
da primeira “exibição”.
- Relatório individual entre 1/3 páginas (podendo ser maior dependendo do
interesse do aluno).
- No relatório deve conter o PROCESSO de Estudo/produção/surgimento do
cineclube + AUTONOTA.
*Exibição/debates de dois filmes.
Atividade Janeiro (10h): *Exibição/debates de
dois filmes.
Obs: Sobre atribuições
individuais no Cineclube Virtual.
Serei consultor/diretor interino do projeto, até acabar
o curso em janeiro. Depois o presidente
provisório convocará novas eleições para permanência ou não do Cineclube. Eu
torno-me consultor voluntário do projeto caso o grupo decida permanecer em
atividades após o curso[13].
A) ATIVIDADE COLETIVA REALIZADA A PARTIR DOS CONCEITOS
ELUCIDADOS NO ARTIGO:
Título: Série: A-MEM:
Contra o domínio do Rei...Thor[14]!
Descrição curta:
A série é fruto de um trabalho
acadêmico coletivo, efetuado por discentes da FFP-UERJ. Quer-se discutir, de
forma lúdica, a questão da Acessibilidade.
Descrição
Longa:
O projeto de Cine-clube virtual
elaborado a partir da Disciplina Educação, artes e Ludicidade II ministrada
pelo Prof. Me. Lucas Leal na Faculdade de Formação de Professores da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP-UERJ) apresenta: A série A-MEM _
Contra o Domínio do Rei... Thor!
Partindo da discussão entre ARTE +
POLÍTICA + CONTOS DE FADAS, trabalhou-se conceitos “dos círculos de cultura a
animação cultural”.
Aproximamos o estudo com a prática
cinematográfica na internet e a ideia foi ampliar conceitos de cine-clube e
articular com as novas possibilidades do ensino presencial com auxílio de
ferramentas On-line.
Priorizando a construção artística
coletiva e incentivando a potencialidade crítica dos envolvidos, elaborou-se a
proposta de discutir ACESSIBILIDADE, tendo como foco inicial, o CAMPUS DA
FFP-UERJ (SÃO GONÇALO).
A-MEM, com base na famosa série em
quadrinhos, tv e cinema X-MEN levanta uma importante questão social de forma
artística. Cada participante do curso foi estimulado, a partir do projeto,
encontrar um personagem mutante.
Com base nesses personagens, atuaremos pressionando o Rei Thor para atender a legislação sobre ACESSIBILIDADE em Instituições públicas, como no caso da UERJ.
Com base nesses personagens, atuaremos pressionando o Rei Thor para atender a legislação sobre ACESSIBILIDADE em Instituições públicas, como no caso da UERJ.
Somos todos mutantes, de óculos, de
bengalas, de roupas coloridas, de cabelos engraçados... em cadeiras de rodas...
cada mutante com sua forma particular de existir.
Somos
todos mutantes e unidos venceremos!
A-MEM
CONTRA O DOMÍNIO DO REI...THOR!
B) CONCLUINDO: SOBRE NOÇÃO DE EXPERIÊNCIA E ESTÉTICA EM UMA
PESQUISA-AÇÃO NA FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
A noção de estética e do que é belo parte sempre de uma
noção de experiência com obras já estabelecidas. Dessa forma, não acho que seja
possível determinarmos formas de se relacionar conteúdos “necessários”, ou
melhor, “artistas e obras específicas”, em detrimento das nossas atividades
práticas, seja como artista, seja como docente.
Assim, sempre que
pertinente, faço questão de relacionar isso em sala. Sempre que vou escrever ou
falar de arte necessito explicar um pouco do que já fiz para estar estimulando
aquele tipo de atividade. Não quer dizer, no entanto, que apresento o material
como fundamental ou único. O intuito de apresentar minhas criações, tanto
quanto os artigos que citei nesse trabalho, é refletir sobre minha prática, na
medida em que “formo futuros educadores”.
Aponto “falhas”, ou
atividades que “não funcionaram”, tanto quanto falo das que “funcionaram”. E
claro, deixo sempre explícito que “não é fácil” e “não deu tudo certo”, mesmo
que aparentemente desperte “noção de estética”, na medida em que sentem o
“belo”, apesar do “estranhamento”. Arte, política, protesto, não é e nunca será
fácil efetuar.
Encerrarei este trabalho,
portanto, falando do dia que gravamos o ensaio que mais tarde veio a se chamar:
EPISÓDIO 1: PROFESSOR XAVIER SENTINDO NA PELE. Foi o “início” da ideia do
A-MEM, e, claro, surgiu por “acaso”. Em
sala, uma aluna cadeirante. Terceira semana de aula, primeira de sua presença.
Eu, já sabia da sua existência, mas não é possível recordar especificamente de
cada aluno sempre. A Aula era das 18h as 20h e 20min, toda quinta. Entretanto,
a maratona da semana não permitia ainda estar atento para questão específica
dela.
Por conta da necessidade de equipamento
pedagógico tecnológico, levei a turma para sala de multimídias, na Biblioteca.
Uma espécie de “terceiro andar” da instituição. E não tinha ainda pensado na
tal aluna. Por volta das 19h... o pessoal fala que a “Rose” está chegando...
eu.. ok! E então me relembraram que ela tinha dificuldade de mobilidade e seria
mais “tenso ainda” chegar ali no terceiro andar, sendo nossa aula já no segundo
andar (pois lá que construíram os banheiros adaptados e por lá que tem a
cantina e xerox). Mas... era só o começo dessa jornada e do projeto citado no
artigo.
Minha reação na hora não
poderia ser outra. Desci com dois outros alunos (acostumados com o “serviço” de
carregar a aluna de “lá para cá”). Fui buscar a “Rose” pois não achei aquilo
legal. Os seguranças se negam a fazer isso sempre. Não há rampas para facilitar
o acesso. Desde o ponto do ônibus, até lá, foram quase 30 minutos e umas 10
pessoas aleatórias para ajudar “vencer cada etapa”. Por isso, nesse artigo,
tento vincular estudo de estética com noção de experiência relatando
impressões, relatos dessa experiência específica (como pessoa, como professor,
como artista).
Na sala, a “Rose” chorou,
me xingou, falou horrores de tudo, e eu não entendia nada. “Na minha cabeça, eu
tinha ido buscar ela na boa, mas entendi o lado dela, a vergonha que sente de
ser carregada, e ficou decepcionada porque o professor de artes envergonhou
mais ainda ela indo buscá-la”. A turma, estarrecida, anestesiada com aquilo
tudo, falava horrores sobre a situação (sobre a falta de acesso na
Instituição). Daí eu tive a ideia de “me por no lugar dela” e falei assim:
Eu: Você tem outra
cadeira de rodas ou como conseguir uma?
Ela: Sim, por que?
Eu: Quinta feira que vem,
se você quiser, vou dar aula o dia inteiro aqui na FFP como cadeirante. Que
tal?
Todo mundo muito
emocionado, ela inclusive, aceitou. E combinamos como seria. Durante a semana,
mandaram e-mail e falaram que iria ter uma reunião específica com o Diretor da
Unidade para conversar sobre o tema e perguntam se liberaria a turma e se
participaria como cadeirante. Sim, claro. Aceitei.
Na semana seguinte, eles
só levaram a cadeira de rodas às 17h... o que me fez lecionar normalmente a
manhã e a tarde inteiras (já que neste dia tinha outras turmas). Mesmo assim,
falei, “vamos fazer sim”, e fomos fazer um ensaio fotográfico/cinematográfico,
circulando pela unidade e registrando a problemática do acesso.
Depois de 40 minutos, 15
pessoas ajudando, conseguir chegar na tal sala de multimídias. E chorei. Fiquei
muito emocionado. Minhas pernas doíam Minha alma. Meu corpo só pensava em comer
e continuar aquilo. E assim seguimos. Fotos, cenas... registro da “ação”.
Olhares diversos, pessoas
que questionavam o que tinha acontecido comigo. “A vida é assim”, era minha
melhor resposta. Muitos que me viram andando no mesmo dia não entendiam nada,
outros que me conheciam e sabiam das atitudes que tomo, se interessaram pelo
trabalho. E assim seguimos para o tal “conselho extraordinário”.
E sabe, tudo parece ter
um sentido. Festa? Juntou um “montão” de aluno, querendo liberação para festas.
A reunião que foi programada para ser no
miniauditório teve que ir para o auditório principal. Muita gente por lá.... e
eu... e a “Rose” chegamos... insistimos e colocamos na pauta a
“acessibilidade”. Discursei. Levantei da cadeira durante o discurso, com
câimbras, depois de apenas 2h como cadeirante. Chorei. Expressei que aquilo não
era por mim, por isso nem ia falar muito, pois tinha alguém mais importante
para falar, e chamei a “rose”.
Ao me colocar no lugar de
“Rose”, mobilizar uma turma inteira, e ter ações práticas, dentro de espaço
público, em prol de uma causa coletiva, não tem nada de narcisista, tampouco de
autopromoção. Busquei, como
recentemente tive notícias (e coloco em anexo foto sobre isso), que a reitoria
fornecesse verba para o campus da FFP-UERJ conseguisse efetuar as obras de
acessibilidade.
Foi uma batalha intensa,
onde coloquei-me a disposição de uma
causa maior. Na fanpage colocamos
diversos links sobre o tema[15] e continuaremos
pressionando a reitoria da UERJ para respeitar as políticas públicas de
acessibilidade e direitos humanos referenciados pela legislação da federação
nacional[16].
Destaco
que continuo este trabalho com outros enfoques, após finalizar o semestre na
UERJ (fevereiro 2015). No intuito de relatar mais sobre o projeto do A-MEM, utilizei o mesmo para estudo
estético com duas turmas no curso de Assistente de produção
cultural, na DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DAS ARTES CÊNICAS, Modalidade: PRONATEC –
Formação inicial continuada, pelo IFRJ, Campus – Belford Roxo.
A partir
do estudo estético sobre arte e política no contexto dos contos de fadas,
tomando como ponto de partida dois textos clássicos (Alice no País das
Maravilhas e O Mágico de oz) dentro de dois projetos artísticos-culturais
idealizados por mim, o Baile à Fantasia Chapeleiro Maluco[17] e O Mundo Mágico de Oz[18] , e fazendo também uma releitura da Série: A-MEM _ Contra o Domínio do
ReiThor os
educandos de Belford Roxo criaram intervenções artísticas e culturais com os
temas provisórios: "Ariel questiona as condições da superfície no bairro
novo" (turma da tarde) e "A Liga da justiça: Os superartistas de
Belford Roxo enfrentam os vilões da cultura" (turma da noite).
A partir
de trabalhos lúdicos, e da minha proposta de intervenção pedagógica inclusiva,
fico sempre na expectativa que os jovens e adultos repassem o recado como os
A-Mem estão fazendo, pois “o que vale é o que importa”, e “só importa aquilo
que vale”. Atitudes práticas que buscam inclusão se fazem necessárias. Encerro este trabalho com
algumas fotos sobre o projeto e deixo os links para apreciação contínua caso
seja de interesse.
ALGUMAS FOTOS[19]:
REFERÊNCIAS
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Brasília, v. 29, n. 2, p. 7-15, maio/ago. 2000.
BARBARAS, Renaud. Sentir e Fazer: A fenomenologia e unidade estética. Tradução do francês:
José Marcos Macedo. Novos estudos N°54. Julho de 1999.
CANCLINI, N. G. . Culturas Híbridas. São Paulo: Edusp,
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________. Leitores, espectadores e
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CANDAU, V. (org.). Reinventar
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CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis:
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DELEUZE, Gilles. O ato de criação. Palestra de 1987.
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YÚDICE, G. . A Conveniência da Cultura. Usos da Cultura
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[1]
Historiador, ator e diretor, com mestrado em políticas públicas em educação;
foi docente substituto na Instituição FFP-UERJ entre 2013.1 e 2014.2. E-mail: lucaslealhistoria@gmail.com Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4266044H8
[2] LEAL, L. . ANIMAÇÃO CULTURAL VIRTUAL E FORMAÇÃO DE
PROFESSORES: RELATO DE UMA PESQUISA-AÇÃO NA FFP-UERJ. In: III Encontro
Internacional de Educação artística, 2014, Cariri-CE.
LEAL, L. . Animação cultural e formação de
professores: Continuação de relato. In: II SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE CINEMA E
EDUCAÇÃO: DENTRO E FORA DA LEI, 2014, Rio Grande do Sul.
LEAL, L. . ANIMAÇÃO CULTURAL VIRTUAL E FORMAÇÃO DE
PROFESSORES: RELATO INICIAL DE UMA PESQUISA-AÇÃO NA FFP-UERJ. In: v seminário
vozes da educação, 2013, rio de janeiro. seminariovozes.com.br/caderno.pdf,
2013.
[3] Curso que faço parte como aluno desde
2010, e, por conta do mestrado (2011/2013) e das atividades como docente na
FFP-UERJ (2013/2014), estou em fase de conclusão agora (2015). Discuto na
monografia conceitos de arte e política no contexto dos contos de fadas, mas,
focando na articulação como ator e diretor de eventos festivos. Dessa forma, as
atividades como docente tinham diálogos, sempre que possível, com as atividades
como ator/artista.
[4] Sem ter como objetivo de autocitar,
nesse momento necessito pontuar partes já publicadas sobre a pesquisa.
[8] Abriu-se evento no facebook e convidamos o máximo possível
de pessoas para participar.
[9] No artigo publicado no II
Seminário Internacional de Cinema e Educação: Dentro e Fora da Lei (2014,
UFRS) detalho melhor as questões.
[10] Já discuti isso anteriormente (LEAL, 2010, Uso do cinema em sala de aula com de Jovens e
adultos a partir de uma concepção pós-moderna de sociedade; LEAL, 2013 Animação
cultural e cinema na Extensão Universitária: Um estudo de caso na Universidade
das Quebradas).
[11] Como dito no início, há publicações
sobre cada fase da pesquisa, a cada semestre.
[12] A pesquisa, no entanto, é a extensão de
pesquisa elaborada como monografia de uma pós-graduação em estudos
cinematográficos (2008-2010).
[13] Sempre explico que isso é apenas um
exemplo com base na estrutura democrática representativa que temos. A turma
participou intensamente do processo e a questão ainda vem sendo discutida entre
eles (permanência ou não do projeto). Tudo indica que os mais interessados irão
fazer suas monografias sobre inclusão.
[15] Reportagem específica sobre o campus
com imagens do nosso ensaio http://videos.r7.com/alunos-da-uerj-reclamam-de-infraestrutura-no-campus-de-sao-goncalo-rj-/idmedia/546232d30cf29f35afc72eb4.html
[17] Projeto de extensão desenvolvido na
UNIRIO desde 2011. Link https://www.facebook.com/MeiodiaForadoTempo?fref=ts
[18] Continuação do projeto da UNIRIO,
entretanto, focando na monografia (iniciado em 2014). https://www.facebook.com/OMundoMagicoDeOZ?fref=ts
[19] Nem todos finalizam sua
caracterização. Para ver mais acessar:
https://www.youtube.com/watch?v=IdZGpcNkB00