Sobre o evento O Mundo Mágico de Oz (Local de exposição/gravação do
Filme/Teatro 4 Ladeiras e 70 Degraus)
Vou
tentar seguir essa estética na parte de relato dos eventos na monografia. Uma
vez que limita pesquisa acadêmica, possibilita deixar material para ser possivelmente
gravado como filme. O intuito da monografia é concluir um trabalho de pesquisa
teórico-prático que faz parte de um projeto artístico pensado para introdução
no mercado de cultura e arte.
Cena – Externa – MANHÃ (PÓS-EVENTO) - GONZALEZ DIVAGA SOZINHO 30/05/2015
GONZALEZ
Agora ao menos
sei que não sou tão só quanto me sinto. No meio da multidão, sempre que eu
sentar ao lado de alguém, falarão do OZ. Isso não me faz especial. Não me fez
superior. Não me define como ser. A passagem do país das maravilhas... para
cidade das esmeraldas, os caminhos de tijolos aqui da favela, vai ser tudo que
vou sentir falta se um dia tiver que ir embora mesmo do RJ, como tudo indica.
Eu ao menos tentei até o fim. Gravei tudo que queria. Como queria. Na hora que
queria. Simplesmente um plano perfeito, que não funcionou. Passaram-se mais de
10 anos desde que me recordo de qualquer coisa boa. Mas foi tudo muito
maravilhoso. Viver essa experiência de
arte/vida/ficção/realidade...limitando-me a mim, desmaterializei toda e
qualquer imagem que possam construir sobre o Lucas Leal, como costumo me
apresentar para as pessoas. Espero eu, haverá alguém sempre para dizer: O Lucas
Leal era mesmo legal. Não importa se serão dias ou se passarão horas. Tudo que
represento ainda é algo muito perecível em uma sociedade atenta para o nada. Devo ter pedido muito ajuda. Devo ter recebido também. Mas nunca recebi algo
que buscava. Eu. A mim mesmo. Mas, encontrei realidades transmutantes (que vem
do meu pernambuquês). Foi muito a vontade de ser alguém. Socorram-se. Jovens.
Como fui um dia. Não dá mais. Eu simplesmente não suporto mais dizer que
acredito em algo que partiu de uma ideia investigativa subjetiva de não ser.
Suspendi pensamentos. Relevei e profanei. Agora a maioria está em suas casas com suas
famílias. Eu não. Nesse momento fico a deriva de situações reais. Vivo
paralelamente. Sobrevivo.
Cena – INTERNA – NOITE - GONZALEZ ESCREVE NO COMPUTADOR E DIVAGA 31/05/2015
GONZALEZ
I
Nesse momento
escuto cartola. Indicação da banda SaulomBRA Sound System. A banda que não
existe. O que acho mais engraçado disso tudo, é que de fato agora a banda
existe. Talvez um pouco mais de ensaio. Planejamento... e oportunidades. Mas,
existimos.
II
O que importa:
Passou. O tempo correu. Andou. Foi tão rápido. Cheguei um pouco tarde, aos 23,
fiquei 6 anos, de maneira intensa. Surpreendido com tudo. Aos 29 anos, já não
tenho mais os mesmos desejos e já não me satisfaz outra coisa senão, viver mais
tranquilo. Correr, jogar futebol com amigos, conversar com pessoas mais velhas,
andar um pouco sozinho na praia, escrever. Malhar, Le-parkour, e quem sabe surfar?
Ficar com minha mãe, brincando com as cachorras, tentando finalizar o filme...
III
O que mais
aprendi com o OZ, foi que, terá o último Chapeleiro Maluco, e me sinto feliz
com o OZ I, se comparando com o Chapeleiro I. Impossível comparar. Eu tinha
R$300,00 reais no bolso, 1 ano de UNIRIO, e nunca tinha feito nada no RJ. Agora
eu tinha pelo menos R$6.000 e 6 anos de RJ (já tive no chapeleiro VI, com
R$12.000). São números e datas importantes para pensar. Apesar das diferenças,
não creio que irão esquecer do Chapeleiro até a última edição, ainda vale a
pena fazer sim. Chapeleiro Maluco VIII + O Mundo Mágico de OZ 3 (pois este ano
ainda teremos o OZ 2).
IV
Refletir sobre
mim, durante pesquisa autobiográfica, no contexto dos contos de fadas, durante
gravação/exibição de um filme/teatro, surtiu em mim, um desejo enorme de tentar
entender qual seria a fundamentação do trabalho em si. Tendo em vista que as
ações em sua parte concreta ocorriam em eventos festivos, assim, para muitos, é
apenas uma festa (agora são “duas festas”). E de fato, eu vislumbro essa parte
como fundamental para entender-me. Ainda mais agora. Quando percebo que de fato
não gosto de festas. Mas, para entender a si, no geral, é muito bom tentar
entender o outro. O comportamento. Formas de agir. Atitudes concretas em
momentos de inconsciência provocadas por uso de psicoativos. Em geral, álcool,
maconha, haxixe, skank, ácido lisérgico, bala, MDMA, cigarros, fumos variados,
não ouvi relatos sobre uso de crack e cocaína, o que não impede ter ocorrido.
E, em nenhum dos sete Chapeleiros, e nem o primeiro OZ, houve registro de
brigas, quebra-quebra... o público, o ambiente, a proposta, e a forma como os
eventos são conduzidos, com culminâncias lúdicas, construções artísticas, e
atividades interativas (público sendo constantemente convidado a se sentir
artista/ator), acredito que sejam importantes agentes desse processo.
VII
Ainda sobre
tudo isso, acredito que, está sendo muito importante para mim refazer parte de
algo que não consegui fazer com o Chapeleiro Maluco, deixar claro certo limite
entre eu/Lucas e eu/ator/Gonzalez, mesmo que a performance venha de uma construção
autobiográfica. Algumas ações, sobretudo em relação ao filme e ao projeto em
si, foram explicadas nas fanpages dos eventos, do filme, e de outros projetos
que possuo. Encerrar também algumas performances com base no teatro invisível,
ao menos por agora foi algo interessante. E falar um pouco mais com o público
sobre o que estou fazendo durante o evento foi algo novo que ainda preciso elaborar
melhor
.
Cena – INTERNA – NOITE - GONZALEZ ESCREVE NO COMPUTADOR E DIVAGA 01/06
GONZALEZ
IX
Fui à Unirio
pela primeira vez depois do evento, e como previ, ao sentar-me, o assunto era,
O Mundo Mágico de OZ. Quando será o próximo? ”Foi muito bom”, “muita gente”,
“queríamos isso....”, “precisávamos de um evento assim na Unirio”... Quando
será a próxima? É a pergunta que mais ouço. E comentários tipo: “Não deu para
vir, mas todo mundo que perguntava dizia que vinha...”. São comentários que
fundamentam a pesquisa e a importância dela.
X
Até aqui são 7
eventos do Baile à Fantasia Chapeleiro Maluco, mais um do Mundo Mágico de OZ.
São 5 anos de intervenções. Com formatos distintos, mas propostas e textos
fílmicos parecidos, ambos complementam etapas importantes da minha existência.
O OZ, filme que via constantemente na infância, e Alice no País das Maravilhas,
que vi durante a juventude, já no Rio de Janeiro. Alice e Dorothy são meninas
que se perdem em mundos com criaturas estranhas. Será que eu sou uma dessas
criaturas? Ou me sinto como as meninas? Estou perdido em meio às criaturas
estranhas do mundo...
CONTINUA...