Eu, como Gonzalez, julho de 2017, durante apresentação para minhas turmas no Infes-Uff.
Eu fiz o curso
de teoria do teatro, na Unirio, e sempre que volto lá, reencontro pessoas,
revisito lugares, muitas coisas do passado também retornam. “Em determinada
curva, eu me perdi...” é assim que vejo um pouco “minha carreira artística”. As vezes um vazio no peito, e uma vontade de
gritar. Outras, simplesmente fico estagnado, pensado em tudo que passei para
ficar no RJ, das tantas tentativas e projetos idealizados... e “no fim” (que
ainda está em curso) eu consigo ver crescimentos de toda ordem. Em mim, como
pessoa, certamente, depois de muito imaginar que as pessoas gostariam da minha
autenticidade, percebi que eu queria mais do que podia... o respeito, a
admiração, o carinho, a devida importância que todo ser humano merece... e eu
queria isso o tempo todo, de todos... “e no fim”, pego-me pensando: “quem são
esses todos?” E a resposta que me vem é:
“Não há ninguém”... E me pego refletindo sobre quem eu queria ser... quem eu
sou, e quem agora eu pretendo continuar sendo... e sinto um pouco de paz, com
31 anos, em relação a tudo que passei na minha juventude, de inquietude, de
sonhos, de impulsividade... a falta de calma, que tive nos “meus 20 e poucos
anos”, me deu impulso para conseguir colher alguns frutos muito cedo. Lecionar
em Universidades, orientar trabalhos de conclusão de graduandos, participar de
bancas... mas, o que mais me proporcionou, foi saber armar e desarmar as malas,
e claro, estar pronto para dormir “aqui e ali”, “do jeito que der”... e quando
não dava, ficava acordado, esperando o dia nascer... foram muitos atropelos, e
andanças... e “o que me resta”, são palavras carregadas com pedidos de “desculpas”
e outras com pedidos de “agradecimentos”... é como enxergo minha passagem pelo
RJ como um todo... se não perdi as contas, estou no endereço 22... também penso
que poderia ter “tido mais calma”, mas hoje, eu digo isso para mim o tempo
todo... “amanhã pode ser um dia diferente, respire fundo... e entregue a deus”.
Mas bem, poucas coisas hoje me atraem mais do que escrever e pensar atividades
docentes, claro, com muita arte... e me alegra cada momento que leio as
atividades dos alunos. Também refleti muitas atitudes, e ainda assim é preciso
refletir mais. Vira e mexe fazer um exercício saudável de autoavaliar a existência.
Isso diz muito do que penso para arte e educação hoje. Claro, tenho críticas
aos meus trabalhos, muitos pontos que eu gostaria de melhorar, e um deles, é
conseguir me comunicar melhor com quem me conhece, para que a pessoa consiga
diferenciar o Lucas artista, do Lucas professor, do Lucas pessoa comum, com
defeitos e qualidades. Mas, o ato reflexivo, de rever meus trabalhos, atitudes,
e qualquer coisa que faço; me fez também explorar isso como método avaliativo.
Já faz muitos anos que busco isso, e tenho me sentido feliz com os frutos de
cada “autoavaliação”. Esses dias conversei com alguém que me conhecia quando
lecionava na Uerj (2013/2014), e ela perguntou: você ainda deixa os alunos se
darem nota? Eu respondi e perguntei: Claro que sim, por que? Ela: TODOS OS
PROFESSORES DEVERIAM SER ASSIM, E EU NÃO TERIA PERDIDO 7 MATÉRIAS. Falei que “não
sei”, será que ela só reprovou por causa da nota ou do seu processo? Bem, em determinado
momento ela disse que passaria, pois, em uma, ficou faltando 0,5 (isso mesmo, meio ponto, e a cidadã perdeu uma matéria na faculdade...) . Mas
bem, a autoavaliação também é um processo complexo. Vejo uns se dando acima do
que produziram, e outros abaixo... percebo que alguns acabam por “relaxar” com
meus cursos... com as leituras propostas... e me pego em sala, falando e
falando e falando... mas sempre tem alguém que lê, que participa, que
questiona, que dialoga... e eu fico nessa corda bamba... “será que sou bonzinho
demais?” “Será que eu não deveria vigiar e punir?” “Será que esse método é meu
medo de confrontar-me com os jovens?” (...) “Ah, mas eu dou os textos, falo dos
textos, faço minha parte e espero a autonomia deles...” (...) e vou seguindo,
propondo atividades; mostrando outras; refletindo sempre... não sei se sou tão “bonzinho”
assim, pois, por vezes, exijo corpo presente e participativo dos alunos, que
nem sempre estão esperando isso de uma simples aula; nem sei se “sou tão fácil de
aprovar”, até porque, quem não entrega sua autoavaliação, fica sem nota e reprova;
ou seja; algo “obrigatório”. Penso, na maioria das vezes, que vou dar meu
melhor e que cada aluno deve dar seu melhor. E muitos dão. Os que não dão, ou
não conseguem, estão em seus processos particulares... eu tenho meu processo
particular... uma aula melhor que outra, uma semana mais animada, algumas nem
tanto... uma disciplina mais livre, outra mais tradicional... mas todas, sem
exceção, com responsabilidade, respeito, preparação, e amor... mesmo chegando
no RJ (2009) já formado em História, acho que ninguém está pronto e acabado...
meu processo no RJ foi longo... talvez um pouco mais do que eu mesmo imaginei,
mas, por outro lado, mais positivo do que negativo (creio eu). Em dias como hoje, fico
tentando puxar da memória um monte de coisas que aconteceram nesses anos de RJ
e que eu não queria ter passado... coisas que fiz ou falei... em momentos de
conflitos internos, de incertezas externas... e me pego pensando: “o ser
professor que me fez buscar mudanças positivas”. Para terminar esse texto, onde
me pego repetitivo nos pensamentos, e escrevo de forma corrida e até confusa, é
preciso enxergar tudo com “novos olhos”. Sempre que for preciso, eu vou me
desculpar por interpretações que discordo sobre quem sou ou deixo de ser... e
peço, quem tiver paciência, em tentar diferenciar os momentos... hoje vivo
certa paz interna, sabendo que tentei meu melhor, e que em alguns momentos eu
não consegui me comunicar como gostaria... e agradeço a formação católica, que
me faz procurar a bíblia sempre.. . e vejo a vida como esse processo... onde
estou tentando ser alguém melhor comigo para ser alguém melhor para o mundo... sabendo
que nem tudo é como eu quero, e que algumas coisas vão sair do controle... vivendo cada dia
aguardando melhores frutos... uns já recolho pelo caminho... e agradeço a Deus,
pelas forças que me dá sempre.
*ps: Só para constar, eu não era um doidão que foi salvo por um Exército de Cristo (fiquei sabendo dessa história ontem hauhauhau)... kkk parece piada me ver falando de Deus? Por conta
de fotos e vídeos do meu trabalho ? Sim, eles falam da loucura, do “não ser”, enquanto
“ser”, e neles sei que “não sou um doidão”, mas se é isso que “parece...” (...) muita
gente estranha me ver falando de deus. Acha que fiz um monte de coisas (*que
não fiz) e que agora a “religião me salvou”. O que é ser doidão? Meus vídeos?
Minhas fotos? Meu jeito de ser? Há em mim muito amor e carinho... se for
possível, um dia, de perto, você poderá conhecer... é esse Lucas que tento ser hoje em sala e como artista... ajudar sempre e no que der...
**Esteja bem com você e agradeça sempre a deus. Talvez eu faça parte desse Exército de Cristo, mas fui posto nele desde a infância. :)
**Esteja bem com você e agradeça sempre a deus. Talvez eu faça parte desse Exército de Cristo, mas fui posto nele desde a infância. :)
abraços
Lucas Leal
*há muitos vídeos sobre essa intervenção... vou postar em breve...