Condenado a
ser quem sou, e longe de conseguir abandonar-me, sou apenas aquilo que consigo
ser.
Já tentei ser
quem não sou, e reinventar-me. Falhei.
Noutra
oportunidade que me dei, tentei ser eu, e também não consegui. Falhei.
Perdido então
na estrada de mim mesmo, em alguma esquina, deixei-me ir. Não fui nem eu, nem
quem eu poderia conseguir ser. Simplesmente não fui. Nem sou. Perdido em mim
mesmo.
Soluçando
estratégias e teorias sobre o que deve ou não deve, acabei não sendo, nem
tentando ser. Nem sou, nem fui.
Em alguns
momentos é como se eu não tivesse feito parte de mim mesmo, nem da minha
própria história, e ao mesmo tempo fazia questão de ser e dizer quem sou.
Justificava-me o tempo todo. Buscava respostas profunda em relações vazias.
A melhor
família que tive foram amigos e parceiros de trabalho que não nunca me
compreendiam. Como conseguiriam, se nem eu consigo explicar-me? E continuei
seguindo nessa estrada de idas e vindas, viagens e outras teorias sobre o que é
e o que não é.
Enquanto traço
planos, deixo de fazer o agora. Enquanto faço o agora, deixo de pensar como
cheguei ali. E quando penso como cheguei ali, esqueço para onde vou. Perdido
entre a esquina que não sei qual é e o caminho que gostaria de seguir, fui
sendo apenas o que poderia.
Nada pior do
que ser qualquer coisa menos você mesmo, ainda que acreditando que isso sou eu.
Sempre fui aquilo que era possível. E talvez todes façam isso com sua vida.
Num mundo onde
o agora já é tarde, porque ele é instantâneo (significado do instagram),
reinventei um artista que nunca fui. Um grande ator reconhecido pela minha
arte. E se nunca fui isso, como poderia dizer que sou? E descobri que poderia
dizer qualquer coisa que pouco importa, cada um vai achar o que quiser sobre
qualquer coisa e eu pouco importo nessa história da vida. A humanidade é aquilo
que é e o Lucas é aquilo que não conseguiu ser, ele mesmo.
Um dia desses
eu pensei que podia ser feliz e compartilhar tudo com uma única pessoa. E fazia
tempo que eu não compartilhava nada profundo com ninguém, nem comigo mesmo.
Atropelado pela tese, projetos, trabalhos e sonhos, eu nunca tinha tempo para
falar com ninguém.
Amigos e amigas....
eu peço perdão por isso.
Uns amigos
sinto mais falta do que outros e alguns talvez nem lembrem mais de mim, e é
para isso que estamos aqui. Ser e não ser. Entre mortos e feridos, cá estou.
São 34 anos de
histórias e fragmentos de uma vida compartilhada ao vivo e online. Aqui na
internet sou tudo aquilo que queria ser e tenho tempo de concluir pensamentos,
ideias e sonhos.
Mas, isso é
real?
Quem está ao
seu lado quando você quer apenas sorrir?
Quantas
pessoas estão ao meu lado quando preciso chorar?
E vou seguindo
nessa estrada da vida, entre eu e eu mesmo, ainda não consigo ser quem gostaria
e não consigo ser quem poderia. Ainda assim, acredito que hoje sou “minha melhor
versão”. E não sou uma boa versão, ou a melhor. Sou aquela que consegui ser.
Atropelado por
mim mesmo, só consigo lembrar de tudo que sonhei, escrevi e vivi... tudo que
falei e pensei... e os outros?
Quando vou
pensar nos outros?
O tempo todo
penso nos outros.
E os outros
são também alguma coisa que conseguem ser naquele “instantâneo” e amanhã ou
hoje mesmo, podem não ser mais. E isso é a vida?
Isso é a
ida...
A vida são
fragmentos de momentos... de coisas que poderiam ser diferentes e foram daquela
forma.
E 2020, o ano
que não aconteceu, é o ano que muita coisa aconteceu. O que vou fazer depois? E
agora? E você? E nós?
Viver... e
viver...
Hoje é 06 de agosto, o dia do profissional da educação, a única coisa que salvou-me e que me mantêm vivo. Educar-me educando... <3
Lucas
Leal
Com:
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