ESTUDO DE GÊNERO: POR QUE MINHA MASCULINIDADE GEROU INTERESSE EM PESQUISAR SOBRE AS MULHERES?
Comecei esse texto 21/12/2016 querendo pensar meu objeto de
tese e vou tentar fazer dele o meu adeus 2016 e feliz 2017!!!
Boa leitura...
Inicialmente,
ao propor tese de doutorado em Política Social, tracei objetivo de estar sendo
capacitado em avaliação de políticas sociais, strictu sensu, com modelos bem estabelecidos; como também, expandir
conceitos sobre subjetividades de gênero, especificamente questões feministas,
para compreender políticas públicas específicas para mulheres e a interferência
do Estado na reprodução feminina. Como pano de fundo, selecionei uma política
nacional que se dedica encontrar estratégias para universalizar as necessidades
para saúde integral das mulheres.
Entretanto,
pondo-me desde o começo da pesquisa, como sujeito masculino, indaguei-me sobre
a possibilidade ou não de estar preparado para tal desafio. Importando-me
somente com aspectos sociológicos e históricos da questão, sim, devo estar
capacitado para compreender qualquer questão política social.
Mas, em mim,
estabeleceu-se, ainda que de forma inicial, entender o interesse da pesquisa pelos homens, pela minha masculinidade, para ai sim conseguir compreender melhor as mulheres. Ora,
sendo eu pesquisador homem, tenho entranhas e fundos do poço, que talvez não mexesse,
se o desafio de ser social não fosse o mesmo desafio de ser honesto comigo mesmo. Por isso, decidi tentar rever muita coisa... e é um desafio...
Minha
particular existência, mesmo que breve, jovem, um adulto de 30 anos, plural,
multidisciplinar, que transbordou ideias subjetivas, querendo ser, e por alguns
instantes, esquecendo o outro, ou as necessidades do outro, DAS OUTRAS. Da
outra... das namoradas que tive. Ser homem, não é PEGAR todo mundo. Ser homem, no meu caso hoje, é dizer para todas as
pessoas que conhece, que infelizmente, não está com tempo de ter um
relacionamento tradicional, e, portanto, vamos nos conhecendo... cada qual
entende como quer... se ela quiser ficar comigo e eu também, ficaremos... se eu
me apaixonar vou falar. Se quiser
casar também... mas nunca vou dizer o que a moça deve ou não fazer. Se ela pressupuser
que eu deva encontrar outras pessoas e quiser fazer o mesmo, eu não posso me importar,
uma vez que o outro, quando falando do seu corpo, desejo, vontade, amorosa e
sexual, não me deve satisfações.
Já usei
outras vezes aqui no blog a linguagem corrida, de um texto longo, com várias
coisas densas para pensar (até separei em parágrafos esse rsrsrs). É para manter um ritmo frenético de pensamentos mesmo. Sobre o tema, já sonhei muito em ter uma moça ao meu lado,
filho, casar e ter uma casa... essas coisas... queria tudo cedo e rápido... mas
fui focando no outro lado, o profissional, que me daria base econômica, para o
sustento social e portanto estabilidade emocional... sim, sou aquele classe
média assalariado, que queria um emprego e uma casa. Mas, atualmente, vivo de bolsas e salários baixos, fruto da desvalorização
do trabalho intelectual.
Engraçado
pensar que eu, um maluco com origem toda no mundo dos esportes (parte do pai e
amigos) tenha de fato sobrevivido socialmente me engajando e especializando no
lado político social artístico e afetivo (influência da família da minha mãe,
com minha avó e mais 6 tias, não conheci meu avó).
Uso a palavra
engraçado porque só escrevendo este texto estou me dando conta disto. Eu havia
refletido sobre a profissão (grande parte das tias é ligada as atividades
docentes). Mas, como nunca tinha pensado em escrever sobre masculinidade, e, de
certa forma, pouco havia discutido sobre gênero feminino, exceto artigo 2011,
mas o foco maior era o uso do cinema na educação de jovens e adultos, embora
tenha utilizado como filme/tema gerador o filme “As
Garotas”, que trata de um relacionamento entre duas meninas
adolescentes. O tema é muito importante para o trabalho docente, mas foi a
única coisa que escrevi que se aproxima do tema de tese.
Quando
pesquisei favela, cultura popular, desigualdade social, sempre foi muito mais
pela necessidade de entender as relações sociais, as coisas que me incomodavam,
e por fim, aquilo que vi no filme Cidade de Deus (em 2002). Era mais uma
relação minha com a arte, com a vida, e com meu desejo de entender porque
vivemos com disparidades de ocupação humana em relação aos “bens materiais”. A porra da desigualdade me
irritava e irrita muito ainda.
Quando
comecei a pesquisar para no projeto de tese, tive aqueles estímulos que
falei o primeiro parágrafo do texto...
mas refletindo muito... muitooooooo... certamente minhas relações sociais com as
moças me fez pensar que seria muito interessante pesquisar o tema. Eu não posso alisar minha
cabeça. Errei muito quando adolescente, quando jovem, e como jovem-adulto. Até compreender que de fato eu errava, foi e é um processo diário de
autorreflexão. Vira e mexe você vai a uma festa, acha que a moça se interessou
e na verdade ela só quer dançar. NÃO É NÃO... você deve se retirar e NUNCA
INSISTIR. É fácil?
Muitos seres
humanos gostam de desafios, eu sou um deles. Mas não podemos reproduzir essa
cultura... poxa, se a moça me disser um não, ou até me empurra na primeira
aproximação (o que demoro para fazer, sou enrolado)... eu DEVO IR EMBORA. É
isso. E pequenas outras coisas... e fui percebendo que ser homem não é olhar
para as moças o tempo todo se achar ela bonita (eventualmente cruzamos com
pessoas na rua... normal...) e muito menos soltar piadinhas... sem falar nas
moças que são seguidas, assediadas, molestadas, tocadas, estupradas e
finalmente mortas.
NÃO, EU NÃO
PODERIA, DEPOIS DE ENTENDER AS MOÇAS UM POUCO MELHOR, ACHAR NORMAL O CARA
ASSEDIAR TODAS AS MULHERES QUE CRUZA NA RUA.
Acredito que há vários tipos de pessoas nesse mundo e que eu estou no
meu processo. Mesmo que ainda muito
tensionado pela pressão social e pelas responsabilidades acadêmicas, não posso
esconder-me na máscara da juventude que pode tudo, ou na falácia do “todo homem
faz isso”... nem aceitar que moças sejam obrigadas a reproduzir machismo para
se sentirem aceitas.
Também não
posso admitir que alguns discursos feministas que ofendem os homens e que hoje
não me ofendo porque entendo a mensagem, é o melhor caminho (editando: mas tipo assim, foda-se o que eu acho, não sou menina/mulher, não posso nem imaginar as coisas que elas passam para utilizar determinados termos quando se referem aos meninos escrotos... é isso, nunca vou saber como é... rsrsrs). Eu digo isso porque realmente os homens, e
eu, fomos muito mal educados por nós... pelo máximo que minha mãe e tias
tenham ensinado coisas diferentes... que
eu não tenha tido referência de homem sem ser marido de alguma tia... e isso
talvez influencie de eu nunca ter ido ao puteiro obrigado aos
14 anos (e nunca tive interesse em ir até hoje)... ou seja, minha experiência
de masculinidade também não é como muita gente tem ideia... não é porque me
interesso somente por moças e claro tenho atração as vezes por determinado
padrão, ora por outro... mas que no fundo há moças que me atraem mais e outras
menos que eu não posso ser sensível as moças...
...cada vez
mais sou sensível e me silencio nas questões específicas sobre FEMINISMOS, que
para mim é diferente de questões sobre as mulheres... mesmo que estudando o
feminismo para entender políticas para mulheres, pois sim, o feminismo foi e é
muito importante para ações públicas que dão voz as mulheres e outras batalhas
das minorias sociais. Falo feminismos, porque dentro de uma estrutura
acadêmica, ou até do dia a dia da batalha feminista, há categorias que separam
em “vertentes feministas”... há também o que chamam de “ondas do feminismos”,
que tem muito a ver com os tempos históricos e as correlatas questões debatidas
em cada contexto (o que pouco influiu em minha formação humana específica,
exceto a atuação sindicalista da minha mãe nas décadas de 1980,1990 e anos
2000).
Esse é um
texto para que eu repense minha forma de tratar as moças e claro, qualquer
pessoa que eu conhecer. Há muita gente diferente de mim por ai, não posso
querer que todo mundo concorde comigo. Eu tenho milhões de defeitos, mas, de
certo, mesmo sendo filho das entranhas sociais do machismo exacerbado, estou
tentando... mesmo acreditando que posso muito mais, escrever esse texto é
também convocar outros amigos meninos/homens a repensarem suas masculinidades. Velho, às
vezes podemos simplesmente olhar e curtir a vida e parar de objetificar as
pessoas, ou hiper sexualizar a existência... sexo é bom, amor também. Amor é
bom, sexo também. Não é disso que estou falando. É de ser escroto mesmo. Você
meu amigo Homem, que adora provar sua masculinidade, como eu, porque não VIRA
HOMEM E SE ASSUME COMO MACHISTA?
Assuma-se
como eu estou tentando me assumir... só assim poderemos combater isso, que está
EM CADA HOMEM DA NOSSA SOCIEDADE. Se você é homem e pai de uma moça, vai de
fato ver algumas coisas de outra forma, né verdade? Com sua mocinha não pode
fazer o que você e eu já fizemos com muitas moças? Uma coisa é consenso, outra
coisa é ser ESCROTO. Forjar situações, forçar desentendimentos, trair,
assediar, humilhar, tocar sem ter permissão, olhar demais sem ser chamado, ou
qualquer outra coisa que as moças NÃO QUEIRAM. Não é não cara. E fazer merda não é legal,
todo ser humano mais ou menos educado, ou seja, leitor do meu blog vai saber o
que é fazer merda com o outro. Sim, vocês e eu somos uma elite cultural, que
sabe ler, escrever e tem acesso as redes virtuais e acesso a este blog pouco
conhecido. Sim, mesmo que a gente não queira assumir, somos elites. Uma elite com poder de mudar as coisas. Que tal?
Pensando
nessa última questão, eu compreendi que sou a imagem máxima do opressor...
moço, que se interessa por moças, com tonalidade de pele clara, olhos claros e
cabelo com fios estirados, ensino superior (no doutorado), nascido de família
de classe média católica de uma cidade metrópole de um Estado tradicional do
Nordeste Brasileiro. Sim, eu tive e tenho toda imagem “clássica” do topo dos
privilegiados, mesmo consciente que isso não resulte especificamente em
privilégio econômico (e de fato não...). Consciente disso tudo e do já exposto
desejo que em 2017, geral pare de encher o saco das feministas, das mulheres,
das pessoas com orientações sexuais não normativas... e por ai vai... que a
gente tente mudar esse mundo para melhor... e que oprimir não signifique se
libertar...
Para se
libertar oprimindo, nem me chama... se precisar de ajuda para uma luta social
estamos ai, e que o discurso seja desconstruir para construir, e nunca destruir
para nos impor...
... Esse ano foi uma loucura... na vida particular/profissional, eu fui do
inferno ao céu... sai do RJ 22/12/2015, sem emprego, com o semestre por finalizar, mas com a
defesa de monografia em artes cênicas assegurada. Cheguei em Olinda-PE sem saber o
que seria da minha vida, fui selecionado para professor de História no Cabo de
Santo Agostinho, e, pelo máximo que eu curta lecionar e tenha curtido a
experiência no Cabo, não era o que eu vinha buscando para minha vida... Então,
tentei pela terceira vez o mesmo programa de Doutorado, mudei de pesquisa (antes
com favela e tecnologia, passei pesquisar políticas para as mulheres...),
comecei uma nova jornada, cai em Santa Rosa, Niterói-RJ, sem conhecer nada da
cidade... vida vai, vida vem, consegui alugar apzinho, bolsa do doutorado
saiu, e isso já parecia formidável
demais para o que eu previ para 2016, a partir do que rolou em 2015.
Estava grato demais, ai veio a greve, tristeza, melancolia, chateações, sentimento de perdido e aprisionado... vi um concurso de substituto, estudei, passei, e 2017 parece que vou ter muito trabalho pela frente. Continuo precisando rever minha masculinidade, minhas atitudes sociais, e meu compromisso com a área que escolhi para trabalhar, ensino-pesquisa-extensão universitária. Esse ano foi uma loucura, quando pensei que tudo ia dar errado, deu tudo certo. E para coroar meu ano, fui assaltado vindo de São Gonçalo para Niterói, de Bike, 3h da madrugada. Eu pedi? Não... não pedi... a sociedade, o sistema, as desigualdades... nós sabemos quem são os inimigos? Eu sei que o cara que me assaltou não é meu inimigo, nem eu o dele... e seguimos... ele com meu celular... e eu? Eu sigo tentando aceitar que em alguns momentos coisas “ruins” podem acontecer... no mais... agradecer dele não ter levado minha bolsa com documentos e chaves de casa... e de não de ter levado a bike...
Estava grato demais, ai veio a greve, tristeza, melancolia, chateações, sentimento de perdido e aprisionado... vi um concurso de substituto, estudei, passei, e 2017 parece que vou ter muito trabalho pela frente. Continuo precisando rever minha masculinidade, minhas atitudes sociais, e meu compromisso com a área que escolhi para trabalhar, ensino-pesquisa-extensão universitária. Esse ano foi uma loucura, quando pensei que tudo ia dar errado, deu tudo certo. E para coroar meu ano, fui assaltado vindo de São Gonçalo para Niterói, de Bike, 3h da madrugada. Eu pedi? Não... não pedi... a sociedade, o sistema, as desigualdades... nós sabemos quem são os inimigos? Eu sei que o cara que me assaltou não é meu inimigo, nem eu o dele... e seguimos... ele com meu celular... e eu? Eu sigo tentando aceitar que em alguns momentos coisas “ruins” podem acontecer... no mais... agradecer dele não ter levado minha bolsa com documentos e chaves de casa... e de não de ter levado a bike...
*aceitando doação de celular, só posso comprar quando Pezão resolver me pagar Setembro,outubro,novembro e dezembro.
link de homologação do concurso que citei:
Obs: eu sei o
que algumas passagens do texto podem parecer confusas... Abaixo alguns passos
que pretendo dar na pesquisa... aceito ajuda!! O desafio é enorme, é constante, é no dia a dia...
bjocas,
Lucas Leal
Parte 1. Estudos de gênero: A importância do feminismo na sociedade
Parte 2. Breve
Revisão bibliográfica: Alguns estudos feministas
- Fui
indicado estudar feminismo negro.
Parte 3. por
que todo Homem deve estudar feminismo?
Considerações.
Referências.