08_08_2017
Eu (de amarelo né?), Kika, Mel, Mainha Linda, e Arthur Allef (Meu sobrinho, filho do meu irmão mais velho Haroldo)
Eu
as vezes não aprendo. Preciso calar-me. Ouvir as críticas e aceitar... mesmo as
que não concordo. Mas, é muito difícil. Estamos vivendo uma polarização tão
profunda na política; além de discursos generalizantes e que constroem rótulos
sobre tudo e todos... eu sou homem, branco, olho azul. Eu já sei disso. Discorro
sobre mulheres cineastas negras (a ausência delas...) e já sei que vou sofrer
críticas. Eu pontuo no meu texto todos os pontos; não somente ser homem branco;
mas, sobretudo, que sou consciente em relação aos meus privilégios sociais e as
desigualdades, que são também de cor da pele. Entretanto, se discorro sobre o tema, é porque
isso me incomoda, e não porque quero tomar o espaço de ninguém. Acredito que
homens devem sim pesquisar sobre mulheres, inclusive porque fomos culturalmente
muito mal-educados. E acho sim que pessoas brancas devem pesquisar sobre negras
e negros (ou pretas e pretos?), para que se percebam nesse lugar de privilégio,
para que contribuam com mudanças estruturais que começam também pela ciência...
e eu, como cientista da humanidade e artista, mesmo nesse lugar de privilégio, estou na luta por melhorias sociais. Não sou rico. Nunca fui. Não tenho família de artistas. Tampouco
alguém que me financie. Sempre fiz tudo com muito esforço e dedicação, e, em
muitos momentos, minha capacidade foi colocada em questão pela minha cor (não,
não estou falando de racismo reverso, isso não existe, não estou falando que
sofro nada disso). De qualquer forma, já insinuaram diversas vezes que só tenho
tudo que tenho porque tenho grana e privilégios. Não é bem assim meu povo. Vocês gostariam então que eu me matasse? Essa é uma pergunta que
tenho tentado me fazer sempre que surge isso... sempre que duvidam da minha “real sensibilidade”
com as mulheres negras no mundo da arte... eu então deveria ocupar qual espaço
na sociedade? Ser patrão e opressor? Porque... sensibilizando-me, com quem
sofre muito mais do que eu (acreditem, sofro coisas que ninguém pode
imaginar... por ser nordestino vivendo no RJ... por gostar de usar cabelos
coloridos e roupas estranhas... grande merda isso né? Mas sim... brancos dos
olhos azuis também choram... sabiam?); Bem, na maioria das vezes as pessoas
conseguem ver a bondade em mim e no meu trabalho, mas eu preciso me acostumar
com quem não vê e saber entender e calar-me diante de conflitos. Hoje consegui.
Mentira. Só consegui parar a conversa e bloquear a pessoa (depois de muito pedir para encerrar o assunto e convidando para meu curso sobre o tema; não posso ficar tentando me explicar para cada pessoa na internet que vem questionar meu trabalho... até queria...). Não quero confusão,
muito menos pela internet com quem não me conhece e só viu algo sobre meu trabalho
escrito na internet. Não. Eu NÃO SOU o homem (ou macho?) branco opressor escroto. Minha mãe
lutou muito pelas coisas e ainda luta, junto comigo, que hoje posso ajudar ela
com as despesas da casa dela (não temos carro, nem viagens para Europa, muito menos trocamos de móveis todos os anos... também não compramos roupas novas o tempo todo... eu mesmo nem roupa compro... só uso as que os amigos me doam) ... sim, é isso... eu queria muito muito muito
conversar com as pessoas; dizer que essa rotulação está afastando as pessoas e
não constrói uma sociedade melhor. Outra coisa; todos os médicos que tratam de
obesidade são obesos? Todo dentista tem o dente podre ou já teve? Todo psiquiatra
tem doenças ou transtornos mentais? Temos que parar com isso, sério. Homem pode
falar de mulher. Mulher pode falar de homem. Preto pode falar de branco. Branco
pode falar de preto. Portanto que seja respeitoso, com amor, com carinho, com
boas intenções... podemos tudo... não
podemos é ficar brigando entre si o tempo todo; falando isso e aquilo sem conhecer
direito as pessoas... temos que colocar mais amor no coração... eu tenho
tentando fazer isso no meu... e tenho conseguido... as pessoas que magoei um
dia, peço desculpas e algumas já consegui o perdão... não sou perfeito, nem
quero ser, mas tenho tentado ser alguém melhor. E você?
*Olha o que eu tinha escrito uma semana atrás...
De tanto
ir e vir, não sei se sou daí ou daqui. 01_08_2017
Várias viagens. Lugares. Pessoas.
Histórias. Amores. Desamores. De lá. De cá. Correndo para lá e para cá.
Mochilas, malas, casas, endereços, projetos, sonhos, tentativas, desejos,
ilusões e desilusões. Complicado. A vida não me reservou tranquilidade ou eu
não tive tranquilidade com a vida? Hoje vejo que está tudo tão legal,
divertido, calmo. Eu e eu. Eu comigo. Eu com meus trabalhos. Eu e eu? Sempre
eu... eu .... eu... mas há um “nós” no que eu faço? Atualmente, muito. Meu trabalho,
lecionar, falar e falar e falar... explicar e explicar... ler, reler, mostrar,
dinamizar... ler, ler e ler. Escrever. Publicar. Falar e falar e falar... sim, eu
tento mostrar coisas boas que penso para mim e para o mundo, mesmo que eu não seja a melhor pessoa para isso. Eu só
quero estar tranquilo, dormir bem, ter comida e água. Um lugar para dormir,
alguém para conversar. Confiar no mundo. Eu só preciso disso. Não quero mais
nada do que tenho, só segurança. Estar bem, ser tratado bem e tratar o outro
melhor ainda. Só queria sorrir todos os dias. Dizer que amo a vida e que tudo é
legal. Sim, é o que quero. Mas, nem sempre é possível. Eu fico triste, até me
sinto errado em alguns momentos. Mas eu só queria ser feliz. Como conseguir
isso sem magoar ninguém? Será que consigo passar em branco na vida e no mundo?
Zerado. Sem fazer mal a ninguém. Só quero isso... e se possível fazer o bem...
que lembrem de coisas boas e não ruins que fiz. Preciso mudar mais? Com
certeza. Mas devo estar no caminho, ao menos eu estou em paz....
Só quero paz... eu juro...
Ps: Tio Arthur, peladinha na praia hoje foi show... foi massa te ver porra...
Bjocas
Lucas Leal
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