Oi Lucas? Tudo Bem?
Texto de 07_08_2019 e revisado 09/08
Saudades da Elite 2019... mãe da Cabulosa
Olá Lucas Leal,
Como
vai por ai? Tudo Bem?
Faz
tempo que não falo comigo mesmo. Meu corpo está totalmente desordenado. Aos 33,
mil atividades, está cada vez mais difícil conversar comigo. A cabeça é o tempo
todo pensando em todos os prazos que tenho. E ai, tem dias, que faço tudo pela
metade. Ou faço é nada. O que está acontecendo comigo? Os 27 loucuras, 28
calmaria, 29 volta das loucuras.... 30 decisões, bom demais. E vamos seguindo.
31 nem lembro mais, eu fui feliz ao máximo e cai lá de cima. Aos 32 idas e
vindas. 33, retomadas, e quedas e retomadas. Será que vamos ter um ano
perfeito? Não. A ditadura chegou. Estamos aqui calados e brigando apenas entre
nós. Nunca briguei tanto, até comigo mesmo, como das eleições passadas até
aqui. O ideal seria fugir do facebook. Sair
das redes sociais. Ai vim recorrer a você, meu querido e lindo blog. Pouco consigo dialogar de
forma mais profunda hoje sem simplesmente tentar aceitar tudo que tenho, do
jeito que tenho, como sou, e como estou. A vida é apenas isso ai. Ter mais
calma, escutar mais. “O tempo não para”. Escancaro em mim, para mim, e para
quem eu estiver com vontade, que não, não está nada bem. O Brasil está uma
porcaria. A vida cada vez mais triste. As festas esvaziadas. Eu nem vou. Fico
sabendo e nem vou. Há aqueles mega eventos e shows que funcionam e alientam. Sim, o capital gira. Para artistas da vida
real, e artistas populares, tal como eu, parece que o tempo parou sim. Pior.
Retrocedeu. Aqui, em reuniões recentes , escutei dos parceiros que não dá para se
manifestar durante um show sobre política. Não vende. Vai dar alguma merda.
Perde parceiros. E ganha outros (pensei eu, mas fiquei calado). Estamos calados
diante de nós mesmos. Está todo mundo meio morto. Educar-se nesse país? Educar?
Como viver... é isso que pensa o povo
agora. Eu sou cidadão. Povo? Povo não sou. Não faço porra nenhuma pelo Estado.
Bem, é o que dizem as diretrizes ideológicas do povo de lá. Professor, artista
de rua, pesquisador de políticas culturais... ai ai ai, não sou povo. Talvez
nos limites dos meus privilégios, eu posso escrever isso aqui tranquilo. Foda-se
se me matarem ou não também. E a vida vai seguir igual. Quantos morrem matados
e outros somem? A vida é assim pra muita gente. A maioria das pessoas acordam
sem saber se vão dormir. E dormem sem saber se vão acordar. Essa realidade eu
sei que é, porque, nem com toda grana que o sujeito possa ter, estará livre de si. Então
ele acorda com ele, nem sabe se vai se aguentar, e dorme sem saber se vai
levantar novamente. A vida é assim. Cabe a cada um saber o que vai conseguir
produzir nesse tempo, entre acordar e dormir novamente. Cada dia é uma conquista para o cara que sai nas ruas
cariocas, sendo um nordestino maluco. Podem sumir comigo. Penso eu. Talvez eu
nem tenha tanto medo assim, pelo que vocês já sabem, fiz muita coisa. Para mim,
foram muitas coisas. Foi duro chegar até aqui. Dores profundas. Anos de
perspectivas que agora nem sei se valem alguma coisa. Estamos na "Era da pós
verdade". Nada é real aqui. Nem eu sou real. Minto o tempo todo para mim, quando
digo que queria mudar o mundo. Porra nenhuma. Se eu quisesse, eu estava indo
fazer. Escrever uma merdinha de tese não é porra nenhuma. Sinceramente? Eu me
sinto covarde. Eu agora começo a
entender o que é doutorado... 3 anos se passaram. E tenho apenas 1 para concluir tudo. Não dá
tempo. Eu tenho vários gigabytes para ler. Lotei a caixa de e-mails da
orientação, com o material recolhido para revisão bibliográfica e argumentação
teórica. Nada disso tem valor. Sério, eu quero estar construindo intervenções.
Parar tudo. Pegar essa gama de desempregados e colocar numa grande cidade a ser
planejada por eles. O que daria isso? Será que ninguém enxerga a necessidade
dos outros para si? E da sua necessidade para o outro... é um processo. Ninguém
é perfeito. O mundo, a família, religião, escola.... daria milhares e milhares
de páginas aqui. O que eu queria dizer nem lembro mais. Acalmei a mente. Tomei
um café. Prestei atenção em alguma notícia entre Brasil e China. Ótimo. Vamos
circular pelo mundo. Esse blog é para mim, para o nada, para quem estiver ai. Não
há vínculos político-partidários, mas sou do lado certo da história. Uma das
coisas que aprendi, nesses meses que seguiram as eleições de 2018... é que eu
estou precisando refazer quem eu sou. Minha mãe falou que devo aceitar que
mudei. Sou outra pessoa. Devo acreditar que vamos reverter essa bodega toda.
Vamos mostrar nas escolas. Nas Universidades. Seja uma pesquisa, seja uma
palestra... uma roda de calouros. Vamos mudar essa porra. Tirar esses caras
loucos que assaltaram a liberdade, cercearam direitos, silenciaram os recém
libertos, acorrentaram e afundaram “os condenados da terra”, de uma “república
que não foi”. Ecoar por paz. Lutar. Morrer. Nunca matar. Jamais nos matarmos. Mande um beijo, dê um
abraço. Divulgue uma vaga de emprego. Chame seu amigo para trabalhar. Compre na
lojinha do parceiro. Ajude suas amigas das amarras do patriarcado. Vá na festinha dos "cumpadres". Contribua no chapéu do
músico. Do palhaço. Leve uma maçã para seu professor. Segure a mão da sua
professora. Reúna sua família. Peça 10 minutos. E grite. Sem parar. OU entregue
seu coração. Fale suas dores. Quem se importa fica, quem odeia vaza. Pensemos estratégias de amor. Agradeça e fale
com quem você está devendo alguma desculpa. Mande sempre o melhor quando olhar
para alguém que está completamente perdido, se é que tem alguém achado.
Acha-se. Faça. Eu digo isso e fico preso na porra da tese. Seleções. Pagar as
contas. Ver as datas. Viajar. Dormir. Comer. Lavar roupa. Escrever. Postar
merda na net. Curtir qualquer coisa pra ver se a mente fica mais tranquila. O mais divertido de viver... sinceramente? É
ter coragem de analisar, antes de dar descarga, como está o seu coco. Isso
mesmo. O que você come você caga meu amigo, minha amiga. Cuidemos, cada qual,
da origem das suas fezes. Até porque, o C#, é a única coisa que todos temos e
fazemos as mesmas coisas mínimas. Cagar. Não disse que fazemos todas as coisas
(cada qual com seus usos e desusos / cada um cuida do seu). Porém, a sociedade
é múltipla. Estamos, nós, do lado de cá, cada qual em sua condição
social/cultural/individual, com o C# na mão. Quem está do lado certo da
história estará preocupado com vários. Quem está do lado errado, está rindo,
mas sofre igual. "Certo e errado meu C#", caro nobre professor Lucas Leal. Não há certo e errado revelou o relativismo
histórico. Então é isso, foda-se. Encerrando o texto... estou tentando reerguer
a mim mesmo, um outro ser, que não consegue esquecer quem já foi, mas não quer
mais ser, aquilo que queriam. Complexo. E simples. Vou seguir o conselho... “deixar ser”...
Bjocas
Lucas Leal
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