domingo, 25 de setembro de 2016

Viver anda muito chato e eu vendi meu Fusca 1969 (apenas um desabafo desconexo)!



Ando chateado com 2016. Primeiro pelo golpe, claro, sou brasileiro , historiador, e não posso esquecer esse triste momento político no país. Minha análise, mesmo que possa parecer rasa para você, é a verdade que construí para minha compreensão do agora. Viver está chato e tudo começou 2013 (mesmo 2012 tendo sido bem estranho também). Ano importante para mim, logo no começo conclui o mestrado e passei para lecionar como substituto na Uerj. Muita aprendizagem e várias aventuras no mundo da arte, eu tinha no facebook importante ferramenta de comunicação e divulgação. Além disso, era um bom espaço para discutir política. Até perceber que dava muita treta e que eu não sou dono de nenhuma verdade, inclusive vira e mexe percebo que sou desqualificado para conversar certos temas e/ou entendo porque já passei alguns “perrengues” com minhas opiniões. Sim, eu erro também. Mas, no geral, eu sempre me considerei uma pessoa legal, engraçada, e com esse defeitinho de ser polêmico. Mas voltando ao tema...
        ... viver está ficando chato, e, ainda em 2013, tivemos aqueles problemas todos que acarretaram as manifestações (não fui, pois na época achei aquilo muito estranho, em 2012 tivemos aquela greve de 3 meses e intensas discussões no facebook) e eu, sem querer, quase me ferrei em julho daquele ano. Estava vivendo realmente um paralelo existencial. Conflitos de toda ordem, e, para piorar, tinha que dar conta de muitos projetos e atividades, todas elas instáveis, inclusive na Uerj, que acabou com minha saída em 2014 (apesar de ainda continuar na coordenação da Pedagogia Ead – que também é um vínculo instável). Só sei que, em um dia muito ruim da minha vida, que nem vale a pena lembrar, mas não vale a pena esquecer, tudo mudaria para mim. Não é esse o tema ainda, de porque estar chato viver, mas para mim tem alguma importância. Não falarei sobre este dia e todas as consequências que me trouxe, mas dali em diante muita coisa mudou... parece trecho de música, e não me importa ser clichê, até porque o blog é meu e escrevo qualquer coisa...
... o resto de 2013, 2014 e 2015, observei claro, muitas mudanças em mim, fui dos 27 aos 30 anos, vi cada vez mais o esvaziamento do facebook como ferramenta de discussão social/política/engajada, devida a sua flutuante dispersão e alcance de impacto naquilo que eu pensava sobre as redes sociais... e credito muito disso a chegada da plataforma no celular (que não permite a mesma dedicação visual de quando estamos no computador) que limita o uso da ferramenta. Eu deixei de me interessar por estar presente e disponível para o social... comecei a entender que a internet, as pessoas, tudo nesse mundo é muito fugaz, líquido, “sociedade ploct”, com tudo ensacado, industrializado, ou pronto e disponível virtualmente...
... e tudo isso é tão pouco, tão fraco, tão... enfim, o facebook para mim, que sai 2009 de Pernambuco, sempre foi uma ferramenta mais eficaz do que o Orkut... e isso parece óbvio, e ai apareceu whatsaap (relutei no começo...).. depois comecei a perceber que tinham muitos outros aplicativos de relacionamentos, que fez o facebook perder um pouco essa função de contatos “amorosos” (claro que ainda existe). Mas esse ainda não é o tema que queria dizer...
... está chato viver, porque em 2016, eu fiz 30 anos, e comecei a viver de fato algumas coisas, e já não me interessar por outras, e ter mais compreensão e alegria em pequenas coisas, e não aceitar ou permitir mais que acontecessem outras... ou seja e em resumo, eu imaginava que estava (e está) ficando tudo melhor para mim. Que legal, né verdade? Sim... é muito legal quando tudo vai dando certo e vamos tendo mais calma e explorando somente as qualidades e os caminhos positivos. Mentira. Isso é uma farsa. Ninguém consegue viver plenamente feliz sem passar pelos problemas de trabalhos e familiares, ou particulares,  consigo mesmo.. é chato, abrir o facebook e ver as pessoas postando fotos de felicidades que não existem, algumas escrevem suas vidas, como eu, e outros insistem em discutir política, mas você não acredita que nada disso é importante. Sabe. Está me faltando algo. Eu pensava isso desde sempre... sempre está me faltando algo.
Agora estou eu com 30 anos, fazendo um doutorado... que tentei muito, tive que estudar muito, tentar muitas vezes, e me perguntando, é isso que eu quero para mim? É isso que acho ser uma vida sem ser chata? Não. Mas, desde 2004 que venho fazendo universidades, e mesmo transitando ainda na Uerj como coordenador, e só acabei o curso de artes cênicas março deste ano, eu me senti vazio quando fiquei sem vínculo como estudante até passar em julho para o doutorado. Então o que eu vim fazer escrevendo esse texto? Talvez libertar como estou me sentido, para evitar somente estar pensando... misturar decepções políticas com sociais... discutir uso da tecnologia na vida, dizendo que enjoou de tecnologia e escrevendo no computador para lançar no blog? Que tipo de sujeito pode ser tão chato quanto eu que acho que anda tudo muito chato?
Futebol? Eu amo, mas se o Sport perde, eu fico puto. Então imagino que deve ter muita gente mais puta do que eu, principalmente os times que estão para cair na série A do brasileirão, por exemplo. Que fútil, um historiador ex-ator que gosta de futebol, pensam e já me falaram algumas pessoas. Ai eu já fico sem estímulo de gostar tanto, até porque né, não sou burro, sei das várias manipulações e falcatruas que o futebol alimenta. Eu adorava jogar, mas também rolam desavenças e conflitos, enfim, chato. hahaha
Música? Pensando que grande parcela da população gosta de um nível muito desqualificado de música e que estar presente em eventos com muita gente tem me deixado um pouco sem vontade, melhor não falar de música..
Comida? Sou vegano, muita luta, muita vontade... 10 anos sendo ovo-lacto-vegetariano, este ano estou empreendendo o veganismo. Ai muita gente diz que é chato.
Netflix? Muitos filmes ruins e/ou genéricos e repetitivos. Estou vendo uma série, Suits, e muito pelo aspecto dos personagens, que precisam estudar muito, isso tem me motivado para o doutorado, hahaha
Cerveja? As vezes. Vinho? As vezes.
Preguiça? Em alto nível.
Cansaço? Muito. Tenho estado cansado dessas mudanças todas. Desde 2009 eu não paro quieto, apesar de que de 2013 a 2015 eu consegui morar no mesmo lugar. Mas fiz mil coisas, mil trabalhos, mil lugares que conheci e pessoas que cruzei... Sabe? Muitaaaaa coisa.. muitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa... e ai esse ano estou querendo ficar mais sossegado. Não tenho usado muito o face, tentei finalizar as postagens no blog e apresentar meu trabalho artístico que agora realmente está meio parado, mesmo ainda devendo postar algumas coisas... é isso, Acho que tudo foi ficando meio chato quando meados de 2014 eu fui desistindo de trabalhar com artes... quando fui pensando em dar fim nos projetos e nas pesquisas... quando me decidi por um doutorado em uma área mais teórica/social do que artística. É um caminho mais longo de ter respostas. O ator recebe ali na lata, um sorriso, um aplauso. Mesmo que as duas áreas sejam desafiadoras, o mundo social é menos glamouroso, menos gliter, menos sorrisos... mas, é mais humano, é mais terreno, é mais plano, é de fato mais conceitual no sentido científico...
...semana passada vendi meu Fusca, por uma merreca, e não importa a grana e sim o que representou isso. Eu deixei de sonhar. Deixei de querer mais, ou de querer rápido e para agora (como até meus 27 anos...). Arrisco dizer que eu sempre quis algo, que pode acontecer ou não, e que nunca tive muita paciência. Fazer algo legal, importante, eterno. Ai deve ter uma mistura de ego, de querer ser... Por vezes busquei coisas que acreditava e outras que simplesmente achava que deveria e que seria momentâneo. Por muito tempo fiquei decepcionado comigo, pois não conseguia dialogar, e algumas coisas que fiz realmente não aprovo, inclusive artisticamente, ou principalmente no meio artístico... eu não sei ainda se sou um ex-ator, ou ex-artista, não sei o que significa isso. Quem acompanha, e não sei se muita gente, este blog, deve estar acostumado com postagens de trabalhos e já deve ter visto em algum momento sobre eu não ser mais ator. E nas entrelinhas ver que muita coisa foi por decepção...
... ai tudo foi ficando meio chato, até porque, eu por um lado não posso esquecer tudo que fiz, os sonhos, os projetos, os trabalhos, as poesias, meu jornalzinho (inclusive devo fazer agora só em dezembro uma nova edição)... não posso, não quero esquecer a história de um filme inacabado que conta a história de um palhaço uruguaio, acrobata, ex-jogador de futebol que foi morar em Pernambuco, depois fundou uma banda que não existe e virou sucesso em uma favela no Rio de Janeiro. Pelo máximo que eu não possa viver somente deste trabalho e aceitar que ele não teve o alcance que eu imagino que poderia ter se eu insistisse mais...  não posso esquecer. Não posso apagar minha vida, nem as coisas que apostei nela. SER QUEM EU SOU... POR ISSO QUE ANDA TUDO MEIO CHATO... NÃO TENHO FEITO QUASE NADA DO QUE EU VINHA FAZENDO... ao mesmo tempo que deixei de fazer muita coisa que não considero legal, inclusive sendo chato. Kkkkkk
Entende? É conflituoso... eu só queria tudo mais tranquilo, menos tretas, menos diferenças, mais alegria, mais tranquilidade... esse tempo longe da internet e do mundo artístico tem sido importante...  sinto falta, não minto, de sonhar, de conversar com amigos artistas, de conversar sobre minha arte... de repensar minha arte... sinto saudades do meu fusca 69 e tudo que pensei em fazer com ele... sinto FALTA de não ter conseguido aquilo que eu hoje digo que não quero mais. Não quero porque acho que vai ser muito divertido terminar esse doutorado em Política Social... que estou aprendendo muito e me dedicando muito...  e que a pesquisa , onde me proponho avaliar a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher (PNAISM) e tudo de gênero e feminismo que estou lendo tem sido muito importante para mim.  E isso não é chato. Porque eu cometi e devo cometer ainda, muita coisa chata com as moças. E eu quero falar disso, mas sem ofensas, sem gritaria, sem atitudes desnecessárias.
 Por um lado, os amigos, com comentários que as vezes, inclusive, me leva a comentar coisas (e sempre penso no que aprendi sobre ética, somos mais antiéticos quando estamos com nossos amigos mais íntimos do que diante de qualquer outra pessoa. São nesses momentos com amigos que falamos nossos piores preconceitos, justamente por confiar na pessoa, mas isso é errado. Temos que lutar para combater nossos próprios julgamentos, principalmente sobre as pessoas). Por outro lado eu mesmo, com meu desejo de encontrar alguma pessoa para formar família,  e ou pensar conhecer pessoas somente para curtição sem compromisso. Ambas escolhas são ótimas. Mas eu acho que nós homens nem sempre somos honestos. Não posso falar sobre as mulheres, mas ainda acredito que os homens são menos honestos. Eu decidi ser honesto.
 Estou no primeiro mês do doutorado, voltando para o Rio de Janeiro depois de ficar 6 meses em Olinda-PE, mas na verdade morando em Niterói, não tenho condições de sair assumindo nada muito sério. Até porque... o doutorado é realmente muito pesado. Mas sigo querendo família e diversão. O que fazer? Deixar tudo muito chato? Nada fazer? Conhecer pessoas sem muitas expectativas? Não ter pressa como antigamente? Sim... acho que a saída para tudo e até para encontrar um fim para este texto/relato/desabafo... eu e todos nós precisamos de mais paciência. Quando alguém hoje vem e me faz uma pergunta que não gosto muito ou não quero responder... eu respiro e penso, mas nunca respondo diretamente. Então vou fazendo isso na vida inteira... se está tudo muito chato, vou vivendo devagar, as pequenas alegrias, as pequenas oportunidades de sair e conversar... pensar somente coisas positivas e que vai dar tudo certo (mesmo eu tendo que fechar um seminário sobre o conceito desenvolvido por Olson em "A lógica da ação coletiva" e aqui escrevendo para este blog... bem... espero que minha próxima postagem seja o texto do seminário e depois do simpósio que vou participar).

É isso... o segredo é ter paciência...


Tema do simpósio na UERJ:

POL 11 - Políticas de atenção as mulheres e a interferência do estado nos direitos de reprodução feminina: Convergências e Diferenças regionais.

link do evento: http://www.vcongressonucleas.com.br/


Beijocas

Lucas Leal