sexta-feira, 21 de julho de 2017

Movido por pensamentos do passado... 21/07/2017


 Eu, como Gonzalez, julho de 2017, durante apresentação para minhas turmas no Infes-Uff.


            Eu fiz o curso de teoria do teatro, na Unirio, e sempre que volto lá, reencontro pessoas, revisito lugares, muitas coisas do passado também retornam. “Em determinada curva, eu me perdi...” é assim que vejo um pouco “minha carreira artística”.  As vezes um vazio no peito, e uma vontade de gritar. Outras, simplesmente fico estagnado, pensado em tudo que passei para ficar no RJ, das tantas tentativas e projetos idealizados... e “no fim” (que ainda está em curso) eu consigo ver crescimentos de toda ordem. Em mim, como pessoa, certamente, depois de muito imaginar que as pessoas gostariam da minha autenticidade, percebi que eu queria mais do que podia... o respeito, a admiração, o carinho, a devida importância que todo ser humano merece... e eu queria isso o tempo todo, de todos... “e no fim”, pego-me pensando: “quem são esses todos?”  E a resposta que me vem é: “Não há ninguém”... E me pego refletindo sobre quem eu queria ser... quem eu sou, e quem agora eu pretendo continuar sendo... e sinto um pouco de paz, com 31 anos, em relação a tudo que passei na minha juventude, de inquietude, de sonhos, de impulsividade... a falta de calma, que tive nos “meus 20 e poucos anos”, me deu impulso para conseguir colher alguns frutos muito cedo. Lecionar em Universidades, orientar trabalhos de conclusão de graduandos, participar de bancas... mas, o que mais me proporcionou, foi saber armar e desarmar as malas, e claro, estar pronto para dormir “aqui e ali”, “do jeito que der”... e quando não dava, ficava acordado, esperando o dia nascer... foram muitos atropelos, e andanças... e “o que me resta”, são palavras carregadas com pedidos de “desculpas” e outras com pedidos de “agradecimentos”... é como enxergo minha passagem pelo RJ como um todo... se não perdi as contas, estou no endereço 22... também penso que poderia ter “tido mais calma”, mas hoje, eu digo isso para mim o tempo todo... “amanhã pode ser um dia diferente, respire fundo... e entregue a deus”. Mas bem, poucas coisas hoje me atraem mais do que escrever e pensar atividades docentes, claro, com muita arte... e me alegra cada momento que leio as atividades dos alunos. Também refleti muitas atitudes, e ainda assim é preciso refletir mais. Vira e mexe fazer um exercício saudável de autoavaliar a existência. Isso diz muito do que penso para arte e educação hoje. Claro, tenho críticas aos meus trabalhos, muitos pontos que eu gostaria de melhorar, e um deles, é conseguir me comunicar melhor com quem me conhece, para que a pessoa consiga diferenciar o Lucas artista, do Lucas professor, do Lucas pessoa comum, com defeitos e qualidades. Mas, o ato reflexivo, de rever meus trabalhos, atitudes, e qualquer coisa que faço; me fez também explorar isso como método avaliativo. Já faz muitos anos que busco isso, e tenho me sentido feliz com os frutos de cada “autoavaliação”. Esses dias conversei com alguém que me conhecia quando lecionava na Uerj (2013/2014), e ela perguntou: você ainda deixa os alunos se darem nota? Eu respondi e perguntei: Claro que sim, por que? Ela: TODOS OS PROFESSORES DEVERIAM SER ASSIM, E EU NÃO TERIA PERDIDO 7 MATÉRIAS. Falei que “não sei”, será que ela só reprovou por causa da nota ou do seu processo? Bem, em determinado momento ela disse que passaria, pois, em uma, ficou faltando 0,5 (isso mesmo, meio ponto, e a cidadã perdeu uma matéria na faculdade...) . Mas bem, a autoavaliação também é um processo complexo. Vejo uns se dando acima do que produziram, e outros abaixo... percebo que alguns acabam por “relaxar” com meus cursos... com as leituras propostas... e me pego em sala, falando e falando e falando... mas sempre tem alguém que lê, que participa, que questiona, que dialoga... e eu fico nessa corda bamba... “será que sou bonzinho demais?” “Será que eu não deveria vigiar e punir?” “Será que esse método é meu medo de confrontar-me com os jovens?” (...) “Ah, mas eu dou os textos, falo dos textos, faço minha parte e espero a autonomia deles...” (...) e vou seguindo, propondo atividades; mostrando outras; refletindo sempre... não sei se sou tão “bonzinho” assim, pois, por vezes, exijo corpo presente e participativo dos alunos, que nem sempre estão esperando isso de uma simples aula; nem sei se “sou tão fácil de aprovar”, até porque, quem não entrega sua autoavaliação, fica sem nota e reprova; ou seja; algo “obrigatório”. Penso, na maioria das vezes, que vou dar meu melhor e que cada aluno deve dar seu melhor. E muitos dão. Os que não dão, ou não conseguem, estão em seus processos particulares... eu tenho meu processo particular... uma aula melhor que outra, uma semana mais animada, algumas nem tanto... uma disciplina mais livre, outra mais tradicional... mas todas, sem exceção, com responsabilidade, respeito, preparação, e amor... mesmo chegando no RJ (2009) já formado em História, acho que ninguém está pronto e acabado... meu processo no RJ foi longo... talvez um pouco mais do que eu mesmo imaginei, mas, por outro lado, mais positivo do que negativo (creio eu). Em dias como hoje, fico tentando puxar da memória um monte de coisas que aconteceram nesses anos de RJ e que eu não queria ter passado... coisas que fiz ou falei... em momentos de conflitos internos, de incertezas externas... e me pego pensando: “o ser professor que me fez buscar mudanças positivas”. Para terminar esse texto, onde me pego repetitivo nos pensamentos, e escrevo de forma corrida e até confusa, é preciso enxergar tudo com “novos olhos”. Sempre que for preciso, eu vou me desculpar por interpretações que discordo sobre quem sou ou deixo de ser... e peço, quem tiver paciência, em tentar diferenciar os momentos... hoje vivo certa paz interna, sabendo que tentei meu melhor, e que em alguns momentos eu não consegui me comunicar como gostaria... e agradeço a formação católica, que me faz procurar a bíblia sempre.. . e vejo a vida como esse processo... onde estou tentando ser alguém melhor comigo para ser alguém melhor para o mundo... sabendo que nem tudo é como eu quero, e que algumas coisas  vão sair do controle... vivendo cada dia aguardando melhores frutos... uns já recolho pelo caminho... e agradeço a Deus, pelas forças que me dá sempre.


*ps: Só para constar, eu não era um doidão que foi salvo por um Exército de Cristo (fiquei sabendo dessa história ontem hauhauhau)... kkk parece piada me ver falando de Deus? Por conta de fotos e vídeos do meu trabalho ? Sim, eles falam da loucura, do “não ser”, enquanto “ser”, e neles sei que “não sou um doidão”, mas se é isso que “parece...” (...)  muita gente estranha me ver falando de deus. Acha que fiz um monte de coisas (*que não fiz) e que agora a “religião me salvou”. O que é ser doidão? Meus vídeos? Minhas fotos? Meu jeito de ser? Há em mim muito amor e carinho... se for possível, um dia, de perto, você poderá conhecer... é esse Lucas que tento ser hoje em sala e como artista... ajudar sempre e no que der...

**Esteja bem com você e agradeça sempre a deus. Talvez eu faça parte desse Exército de Cristo, mas fui posto nele desde a infância. :)

abraços

Lucas Leal




*há muitos vídeos sobre essa intervenção... vou postar em breve...