sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

gÊNERO_mASCULINIDADE_fEMINISMOS


ESTUDO DE GÊNERO: POR QUE MINHA MASCULINIDADE GEROU INTERESSE EM PESQUISAR SOBRE AS MULHERES?

Eu e o ator Diego Guerra nas filmagens do curta "Carnaval Cataclismo" (2015, não sei o fim que teve rsrsrs)




Comecei esse texto 21/12/2016  querendo pensar meu objeto de tese e vou tentar fazer dele o meu adeus 2016 e feliz 2017!!!       
Boa leitura...

Inicialmente, ao propor tese de doutorado em Política Social, tracei objetivo de estar sendo capacitado em avaliação de políticas sociais, strictu sensu, com modelos bem estabelecidos; como também, expandir conceitos sobre subjetividades de gênero, especificamente questões feministas, para compreender políticas públicas específicas para mulheres e a interferência do Estado na reprodução feminina. Como pano de fundo, selecionei uma política nacional que se dedica encontrar estratégias para universalizar as necessidades para saúde integral das mulheres.
Entretanto, pondo-me desde o começo da pesquisa, como sujeito masculino, indaguei-me sobre a possibilidade ou não de estar preparado para tal desafio. Importando-me somente com aspectos sociológicos e históricos da questão, sim, devo estar capacitado para compreender qualquer questão política social.
Mas, em mim, estabeleceu-se, ainda que de forma inicial, entender o interesse da pesquisa pelos homens, pela minha masculinidade, para ai sim conseguir compreender melhor as mulheres. Ora, sendo eu pesquisador homem, tenho entranhas e fundos do poço, que talvez não mexesse, se o desafio de ser social não fosse o mesmo desafio de ser honesto comigo mesmo. Por isso, decidi tentar rever muita coisa... e é um desafio...
Minha particular existência, mesmo que breve, jovem, um adulto de 30 anos, plural, multidisciplinar, que transbordou ideias subjetivas, querendo ser, e por alguns instantes, esquecendo o outro, ou as necessidades do outro, DAS OUTRAS. Da outra... das namoradas que tive. Ser homem, não é PEGAR todo mundo. Ser homem, no meu caso hoje, é dizer para todas as pessoas que conhece, que infelizmente, não está com tempo de ter um relacionamento tradicional, e, portanto, vamos nos conhecendo... cada qual entende como quer... se ela quiser ficar comigo e eu também, ficaremos... se eu me apaixonar vou falar. Se quiser casar também... mas nunca vou dizer o que a moça deve ou não fazer. Se ela pressupuser que eu deva encontrar outras pessoas e quiser fazer o mesmo, eu não posso me importar, uma vez que o outro, quando falando do seu corpo, desejo, vontade, amorosa e sexual, não me deve satisfações.
Já usei outras vezes aqui no blog a linguagem corrida, de um texto longo, com várias coisas densas para pensar (até separei em parágrafos esse rsrsrs). É para manter um ritmo frenético de pensamentos mesmo. Sobre o tema, já sonhei muito em ter uma moça ao meu lado, filho, casar e ter uma casa... essas coisas... queria tudo cedo e rápido... mas fui focando no outro lado, o profissional, que me daria base econômica, para o sustento social e portanto estabilidade emocional... sim, sou aquele classe média assalariado, que queria um emprego e uma casa. Mas, atualmente, vivo de bolsas e salários baixos, fruto da desvalorização do trabalho intelectual.
Engraçado pensar que eu, um maluco com origem toda no mundo dos esportes (parte do pai e amigos) tenha de fato sobrevivido socialmente me engajando e especializando no lado político social artístico e afetivo (influência da família da minha mãe, com minha avó e mais 6 tias, não conheci meu avó). 
Uso a palavra engraçado porque só escrevendo este texto estou me dando conta disto. Eu havia refletido sobre a profissão (grande parte das tias é ligada as atividades docentes). Mas, como nunca tinha pensado em escrever sobre masculinidade, e, de certa forma, pouco havia discutido sobre gênero feminino, exceto artigo 2011, mas o foco maior era o uso do cinema na educação de jovens e adultos, embora tenha utilizado como filme/tema gerador o filme “As Garotas”, que trata de um relacionamento entre duas meninas adolescentes. O tema é muito importante para o trabalho docente, mas foi a única coisa que escrevi que se aproxima do tema de tese.
Quando pesquisei favela, cultura popular, desigualdade social, sempre foi muito mais pela necessidade de entender as relações sociais, as coisas que me incomodavam, e por fim, aquilo que vi no filme Cidade de Deus (em 2002). Era mais uma relação minha com a arte, com a vida, e com meu desejo de entender porque vivemos com disparidades de ocupação humana em relação aos “bens materiais”. A porra da desigualdade me irritava e irrita muito ainda.
Quando comecei a pesquisar para no projeto de tese, tive aqueles estímulos que falei  o primeiro parágrafo do texto... mas refletindo muito... muitooooooo... certamente minhas relações sociais com as moças me fez pensar que seria muito interessante pesquisar o tema. Eu não posso alisar minha cabeça. Errei muito quando adolescente, quando jovem, e como jovem-adulto. Até compreender que de fato eu errava, foi e é um processo diário de autorreflexão. Vira e mexe você vai a uma festa, acha que a moça se interessou e na verdade ela só quer dançar. NÃO É NÃO... você deve se retirar e NUNCA INSISTIR. É fácil? 
Muitos seres humanos gostam de desafios, eu sou um deles. Mas não podemos reproduzir essa cultura... poxa, se a moça me disser um não, ou até me empurra na primeira aproximação (o que demoro para fazer, sou enrolado)... eu DEVO IR EMBORA. É isso. E pequenas outras coisas... e fui percebendo que ser homem não é olhar para as moças o tempo todo se achar ela bonita (eventualmente cruzamos com pessoas na rua... normal...) e muito menos soltar piadinhas... sem falar nas moças que são seguidas, assediadas, molestadas, tocadas, estupradas e finalmente mortas.
NÃO, EU NÃO PODERIA, DEPOIS DE ENTENDER AS MOÇAS UM POUCO MELHOR, ACHAR NORMAL O CARA ASSEDIAR TODAS AS MULHERES QUE CRUZA NA RUA.  Acredito que há vários tipos de pessoas nesse mundo e que eu estou no meu processo.  Mesmo que ainda muito tensionado pela pressão social e pelas responsabilidades acadêmicas, não posso esconder-me na máscara da juventude que pode tudo, ou na falácia do “todo homem faz isso”... nem aceitar que moças sejam obrigadas a reproduzir machismo para se sentirem aceitas.
Também não posso admitir que alguns discursos feministas que ofendem os homens e que hoje não me ofendo porque entendo a mensagem, é o melhor caminho (editando: mas tipo assim, foda-se o que eu acho, não sou menina/mulher, não posso nem imaginar as coisas que elas passam para utilizar determinados termos quando se referem aos meninos escrotos... é isso, nunca vou saber como é... rsrsrs).  Eu digo isso porque realmente os homens, e eu, fomos muito mal educados por nós... pelo máximo que minha mãe e tias tenham  ensinado coisas diferentes... que eu não tenha tido referência de homem sem ser marido de alguma tia... e isso talvez influencie de eu nunca ter ido ao puteiro obrigado aos 14 anos (e nunca tive interesse em ir até hoje)... ou seja, minha experiência de masculinidade também não é como muita gente tem ideia... não é porque me interesso somente por moças e claro tenho atração as vezes por determinado padrão, ora por outro... mas que no fundo há moças que me atraem mais e outras menos que eu não posso ser sensível as moças...
...cada vez mais sou sensível e me silencio nas questões específicas sobre FEMINISMOS, que para mim é diferente de questões sobre as mulheres... mesmo que estudando o feminismo para entender políticas para mulheres, pois sim, o feminismo foi e é muito importante para ações públicas que dão voz as mulheres e outras batalhas das minorias sociais. Falo feminismos, porque dentro de uma estrutura acadêmica, ou até do dia a dia da batalha feminista, há categorias que separam em “vertentes feministas”... há também o que chamam de “ondas do feminismos”, que tem muito a ver com os tempos históricos e as correlatas questões debatidas em cada contexto (o que pouco influiu em minha formação humana específica, exceto a atuação sindicalista da minha mãe nas décadas de 1980,1990 e anos 2000).
Esse é um texto para que eu repense minha forma de tratar as moças e claro, qualquer pessoa que eu conhecer. Há muita gente diferente de mim por ai, não posso querer que todo mundo concorde comigo. Eu tenho milhões de defeitos, mas, de certo, mesmo sendo filho das entranhas sociais do machismo exacerbado, estou tentando... mesmo acreditando que posso muito mais, escrever esse texto é também convocar outros amigos meninos/homens a repensarem suas masculinidades. Velho, às vezes podemos simplesmente olhar e curtir a vida e parar de objetificar as pessoas, ou hiper sexualizar a existência... sexo é bom, amor também. Amor é bom, sexo também. Não é disso que estou falando. É de ser escroto mesmo. Você meu amigo Homem, que adora provar sua masculinidade, como eu, porque não VIRA HOMEM E SE ASSUME COMO MACHISTA?
Assuma-se como eu estou tentando me assumir... só assim poderemos combater isso, que está EM CADA HOMEM DA NOSSA SOCIEDADE. Se você é homem e pai de uma moça, vai de fato ver algumas coisas de outra forma, né verdade? Com sua mocinha não pode fazer o que você e eu já fizemos com muitas moças? Uma coisa é consenso, outra coisa é ser ESCROTO. Forjar situações, forçar desentendimentos, trair, assediar, humilhar, tocar sem ter permissão, olhar demais sem ser chamado, ou qualquer outra coisa que as moças NÃO QUEIRAM. Não é não cara. E fazer merda não é legal, todo ser humano mais ou menos educado, ou seja, leitor do meu blog vai saber o que é fazer merda com o outro. Sim, vocês e eu somos uma elite cultural, que sabe ler, escrever e tem acesso as redes virtuais e acesso a este blog pouco conhecido. Sim, mesmo que a gente não queira assumir, somos elites. Uma elite com poder de mudar as coisas. Que tal?
Pensando nessa última questão, eu compreendi que sou a imagem máxima do opressor... moço, que se interessa por moças, com tonalidade de pele clara, olhos claros e cabelo com fios estirados, ensino superior (no doutorado), nascido de família de classe média católica de uma cidade metrópole de um Estado tradicional do Nordeste Brasileiro. Sim, eu tive e tenho toda imagem “clássica” do topo dos privilegiados, mesmo consciente que isso não resulte especificamente em privilégio econômico (e de fato não...). Consciente disso tudo e do já exposto desejo que em 2017, geral pare de encher o saco das feministas, das mulheres, das pessoas com orientações sexuais não normativas... e por ai vai... que a gente tente mudar esse mundo para melhor... e que oprimir não signifique se libertar...


Para se libertar oprimindo, nem me chama... se precisar de ajuda para uma luta social estamos ai, e que o discurso seja desconstruir para construir, e nunca destruir para nos impor...


... Esse ano foi uma loucura...  na vida particular/profissional, eu fui do inferno ao céu... sai do RJ 22/12/2015, sem emprego,  com o semestre por finalizar, mas com a defesa de monografia em artes cênicas assegurada. Cheguei em Olinda-PE sem saber o que seria da minha vida, fui selecionado para professor de História no Cabo de Santo Agostinho, e, pelo máximo que eu curta lecionar e tenha curtido a experiência no Cabo, não era o que eu vinha buscando para minha vida... Então, tentei pela terceira vez o mesmo programa de Doutorado, mudei de pesquisa (antes com favela e tecnologia, passei pesquisar políticas para as mulheres...), comecei uma nova jornada, cai em Santa Rosa, Niterói-RJ, sem conhecer nada da cidade... vida vai, vida vem, consegui alugar apzinho, bolsa do doutorado saiu,  e isso já parecia formidável demais para o que eu previ para 2016, a partir do que rolou em 2015. 
Estava grato demais, ai veio a greve, tristeza, melancolia, chateações, sentimento de perdido e aprisionado... vi um concurso de substituto, estudei, passei, e 2017 parece que vou ter muito trabalho pela frente. Continuo precisando rever minha masculinidade, minhas atitudes sociais, e meu compromisso com a área que escolhi para trabalhar, ensino-pesquisa-extensão universitária. Esse ano foi uma loucura, quando pensei que tudo ia dar errado, deu tudo certo. E para coroar meu ano, fui assaltado vindo de São Gonçalo para Niterói, de Bike, 3h da madrugada. Eu pedi? Não... não pedi... a sociedade, o sistema, as desigualdades... nós sabemos quem são os inimigos? Eu sei que o cara que me assaltou não é meu inimigo, nem eu o dele... e seguimos... ele com meu celular... e eu? Eu sigo tentando aceitar que em alguns momentos coisas “ruins” podem acontecer... no mais... agradecer dele não ter levado minha bolsa com documentos e chaves de casa... e de não de ter levado a bike...

*aceitando doação de celular, só posso comprar quando Pezão resolver me pagar Setembro,outubro,novembro e dezembro.

link de homologação do concurso que citei:


Obs: eu sei o que algumas passagens do texto podem parecer confusas... Abaixo alguns passos que pretendo dar na pesquisa... aceito ajuda!!  O desafio é enorme, é constante, é no dia a dia... 


bjocas,

Lucas Leal


Parte 1. Estudos de gênero: A importância do feminismo na sociedade

Parte 2. Breve Revisão bibliográfica: Alguns estudos feministas
- Fui indicado estudar feminismo negro.

Parte 3. por que todo Homem deve estudar feminismo?

Considerações.

Referências.











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