domingo, 25 de junho de 2017

Uma carta do discente Lucas Leal para o docente Lucas Leal!!! Hoje conversei 47 minutos por telefone com meu Pai!!!!


Low em cena, na apresentação no Hospital Ulysses Pernambucano (HUP) conhecido popularmente como Tamarineira


link do evento: https://web.facebook.com/events/255121234838628/

25/06/2017

Caro professor Lucas Leal,

                Não se torne o que não queria encontrar. Ainda é cedo para ser o professor que você gostaria de ter. Se a aluna ou o aluno não conseguir alcançar sua expectativa, tente alcançar a expectativa deles. Era isso que você cobrava quando era eu. Ou só era um discurso vazio? È tão difícil aceitar que eles vão pensar diferente de você? Que algumas teorias não dão conta da realidade? Que sua experiência de vida é condicionada a sua existência particular, mas numa complexa sociedade que te conduz também a ser algo que você também não quer ser? Como encarar que não conseguimos ser aquilo que queremos professor? A sua função talvez seria me dizer que vai dar tudo certo, que o mundo vai melhorar, e que as pessoas morrem de fome por conta das desigualdades... sua função é me mostrar a realidade e dizer que ela está errada mesmo você sendo parte dela. Parte fundamental na estrutura de opressão. Toda relação docente/discente pressupõe uma hierarquia. Sua avaliação com autonota também é condicionada a uma expectativa do que eu crio pelo que você posiciona em sala. Não me venha com essa de autonomia na busca pelo conhecimento, sabendo da existência de extremas distinções na forma como me interesso ou não pelo que foi colocado em sala de aula como “fundamental” pelo “senhor”. Não use seu mestrado para dizer que sabe mais do que eu. Isso você sempre discordou, e por vezes, não sei se realmente não valoriza esses títulos, até porque, não teria feito duas graduações, duas pós, e não estaria no doutorado caso não considerasse pertinente (ou nem falaria em sala disso tudo). Essa de que “foi melhor para sua vida por motivos claros, como melhores salários” demonstra que o senhor faz parte do capitalismo; da divisão social do trabalho; e como homem; branco; com origem na classe média, seus padrões de existência, pelo máximo que você coloque que montou sua casa com coisas doadas e achadas na rua, são do mundo do capital; nunca te faltou nada. Morar escondido na universidade foi uma escolha. Você sempre soube disso. Não tente se vitimizar perante sua confortável existência; sua revolta era apenas um conflito de ego; sua necessidade de ser aceito; e que, de certa forma; te levou a buscar novas possibilidades para alcançar este objetivo, inclusive como professor Universitário. Mas eu quero te agradecer, por perceber a cada fala sua, que precisa sempre repensar, sobretudo o lugar de privilégio; junto com a necessidade individual de se reconhecer nessa sociedade do capital. Você sabe que é parte dela, embora não ligue muito para algumas coisas, não sabe como romper com esse sistema. Urbano. Hierárquico. Exaustivo. Conflituoso. Os conflitos e tensões de toda ordem, são hoje aquilo que te perseguem, e mesmo buscando correr, estás envolto em contradições; particulares; sociais; coletivas; culturais; tanto no espectro objetivo da existência em sociedade, como em aspectos subjetivos dos desejos e sonhos, de um jovem professor, tal como eu, que vos escrevo como seu discente, na posição daquele que não sabe para onde está indo; mas acredita que está no caminho... ser um constante aluno professor... tente isso. E leve seu discurso para prática. Mais calma. Mais calma. Descanse um pouco sempre que preciso for. Fique bem tranquilo, não é fácil e nunca será. Não se canse de se reinventar. Você mesmo me contou, que Paulo Freire falava, “somos seres inconclusos”. Não se sinta completo. Há em você uma falta, que compreende a impossibilidade de deter todas as respostas, até porquê, quem somos nós para dar respostas? Somos apenas mais um nesse movimento de ir e vir, ou de devir, do aposteriori e do apriori, das epistemologias, das metodologias, teorias, práticas, da dominação masculina, do racismo epistêmico, da feminilização da pobreza, da extrema desigualdade, das políticas públicas distorcidas da realidade, da criminalização do pobre, do preto, do favelado, da juventude que se entorpece, da falida guerra as drogas, do tráfico de seres humanos; do genocídio dos animais; da imposição cultural; da globalização e universalização do Europeu; da corrupção no futebol; nas relações familiares e políticas; na bestialização da mídia; da alienação cibernética... PROFESSOR LUCAS, COMO POSSO SONHAR EM SER FELIZ NESSE MUNDO QUE O SENHOR ME APRESENTA? COMO O SENHOR DIZ QUE ESTÁ FELIZ ME FALANDO TANTAS COISAS ASSIM?

Obs: Hoje conversei com meu pai por telefone durante 47 minutos (em tempos de Whatsapp e facebook hehehe), depois de 4 anos, e é bom dizer para as Jovens e os jovens, sempre falem com seus pais... e sempre acreditem em vocês também!!! Há de encontramos no diálogo geracional, dispositivos de conciliações entre ideias, expectativas e experiências, sempre na perspectiva do individual e do coletivo, mesmo na contradição de condicionamentos e desejos, há de termos diálogos que gerem encontros e não desencontros... o mundo já nos mostra isso e queremos combater, né verdade?!!!   
beijocas

Lucas Leal (eterno aluno do senhor)


Link para ver algumas cenas online do Cine-teatro 4 ladeiras e 70 degraus:

https://www.youtube.com/watch?v=4kHdfzDehmI&list=UUFXqWyV9_xYA5ES9HQf6rXw


Fanpage:

https://www.facebook.com/4ladeirase70degraus/?fref=ts





















Nenhum comentário: