sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Vergonha alheia (de mim mesmo): Outro texto longo sobre o nada!

Vergonha alheia (de mim mesmo): Outro texto longo sobre o nada! 

Escrito 05/10 (e 07/10/2016)



Estive pensando recentemente sobre a vida, para variar um pouco, e como é legal estar com 30 anos. Estar onde estou, fazendo as coisas como tenho feito,  nem parece como eu era antes, em tempos mais incertos.  Mas, como estava dizendo, fico refletindo a vida, e o ano de 2013 ainda me vem demais na cabeça. Eu fiquei, entre 2009 - 2013, indo pouco em Pernambuco, e estava, meados daquele ano, quando fui lá, bem envolvido no projeto de cinema-teatro misturando ficção com realidade. Foi naquele ano que tudo pareceu mais claro do que vinha elaborando em artes. Acho que foi ali que percebi a proposição teórica do meu trabalho artístico e de certas impossibilidades particulares para realizar tudo como gostaria. Por fim, mesmo que este texto ainda tenha algo por vir, por milhares de motivos que eu hoje não consigo entender como foi possível, tive que começar a tomar posições mais firmes para meus projetos, e para minha vida. Ou seja, precisei continuar dizendo SIM, e aprendendo a dizer NÃO.
Ainda como hoje, bem menos claro, me perco pelas palavras ditas e deslocadas pelas múltiplas interpretações. Juntando com um momento em que eu, já como professor Universitário, e ainda como estudante de graduação em outra instituição, escolhi por colocar (continuar colocando, ora, eu já vinha fazendo muita coisa desde 2009...) minhas ideias publicamente. Sinceramente, eu não consigo ficar recordando 2009, 2010, todo começo no Rio de Janeiro (desde chegar de carona, até a soma de 19 endereços na contagem atualizada), e hoje ver como estou... eu queria voltar naquele tempo, e dizer para mim mesmo: “vai dar tudo certo, você é muito sortudo. Você tem tudo que precisa. Vai tranquilo... fica tranquilo...”
Já parei para pensar que faltou uma voz ali do meu lado, diferente de uma mãe, de uma família... voz de algum irmão ou algum amigo (será que eu conseguia escutar naquela época?) mas lembro dos treinadores, professores, amigos, sempre tentando... muita gente que me conhecia percebia logo que eu queria mais da vida... eu queria muito mais da vida. E aos poucos, eu fui tendo... eu fui tendo muito mais da vida. Coisas que aconteceram poderiam não... eu seria mais grato comigo mesmo se também não tivesse feito ou dito coisas... mas eu não estaria no lugar que hoje estou. Escolhi agora exercitar o quase silêncio... quando nada sei silencio... pouco falante naquilo que acho que sei... compreensivo naquilo que era para saber... achando que sei quase nada... só que, sem esquecer que nasci para algo. Eu vim com algum propósito maior. Todos nós viemos... tudo que acontece nas relações interpessoais serve para isso... nos mostrar o quão importante somos a cada dia para qualquer pessoa que temos contato por qualquer motivo que seja...       
Para mim? O que eu vim fazer? Todo meu trabalho artístico, e ai cito a parte positiva dele, do coletivo, do gratuito, e do espontâneo, era minha forma de linguagem. Meu próposito. Compreeender e propor novas óticas para uma realidade, tal como a nossa, inventada, e hoje cada vez mais online. Eu não conseguia criar uma linguagem somente falando, apesar de gostar de falar, e não conseguia muito divulgar o que escrevia... agora arrisco um pouco mais... e ai 2013 foi bom porque criei coragem de expor mais, ao mesmo tempo que comecei a condesar melhor os conceitos estéticos da minha atuação/teoria, explicando de forma mais concreta, mesmo que aparentemente seja algo distinto do convencional. Quem sabe escrevendo/explicando minhas atuações cênicas e proposições de ensino através da arte sejam compreendidas?
Uma coisa martela minha cabeça... “Palavras ditas são como flechas atiradas, não retornam....“ Frase que representa esse texto por completo. Vergonha alheia de mim mesmo por ter dito e até escrito algumas palavras. E isso acontece sempre... eu posso pelo menos hoje tentar controlar...  segurar meus pensamentos para mim, ora, nem todo mundo precisa acreditar no que penso, e se não falo (mesmo que escreva e não publique), ninguém saberá. Nos meus textos atuais, tenho tentado evitar dar nomes e especificidades ao que estou querendo me referir. Por isso... por ter percebido que realmente precisava ter tido outra postura em muitos momentos... mas como as palavras ditas, as ações, não retornam... Pensando uma lógica inversa desta última afirmativa... ontem (06/10), um dia depois que tinha começado escrever esse texto, encontrei um ex-aluno. Não vou esmiuçar a história específica, em poucas palavras, ele conseguiu se explicar para mim, algo que eu já tinha compreendido sobre o ocorrido (em 2013, e não é coincidência que a história fecha esse texto que eu tinha desistido de publicar...)
Acho que o título do texto diz claramente que é sobre vergonha alheia de mim mesmo, e eu, com tantas palavras sobre mudanças e positividades sobre quem sou, não conseguia transparecer tão claramente que minhas atividades artísticas nem sempre me permitiram pensar dessa forma. E como minha vida artística interferia na minha vida como professor, o relato acima, não é para mostrar que o ex-aluno estava errado e eu certo, pelo contrário. Ambos estavam certos e errados. E a vida segue... se fosse possível, voltaria também em 2013 e diria para mim: “Vai ficar tudo bem...”!!!! QUEM NUNCA PENSOU ISSO???? Normal... faz parte do processo...
 Meu trabalho artístico, pela complexidade, e quem conhece, ou já trabalhou comigo, sabe... tenho conceitos distintos para compreender as imagens, discursos, existência e não-existência. Sem fim. Com vários começos e meios possíveis... Não há tanta clareza nem necessidade de... enfim... não consigo nem explicar nesse texto, e há outros para isso (e vídeos...). Só que, eu sempre esquecia, e ainda esqueço, que nem sempre o outro vai entender como eu, como eu, não vou entender como os outros as diversas casualidades das relações...
Ao trabalhar com fragmentos de construções artísticas com base na existência real, por vezes, devo ter chocado muita gente. Por vezes não. Muitas vezes. Achava lindo. E eu ainda gosto de muitas imagens que somente eu sou possível de ter, como PerforMAN* (conceito que criei do meu Pernamuquês, vem do tradicional Performer). Dessa forma, minha teoria do teatro foi bem sucedida para os objetivos que me propus. Invadir, ocupar, intervir... mas, quando se faz isso no meio privado e nas inter-relações, nem sempre acaba bem. Eu demorei um pouco para perceber... insistia falante. Insistia risonho. Insistia jogando chame para o mundo. E o mundo não foi muito receptivo. Ou sei lá... como teoria do teatro foi... como atuação cênica talvez muito cansativa... atuar na vida real era o desafio...    
Nem sempre era tudo intencional. Um exemplo para ilustrar que o mundo tira suas conclusões... Eu treino Le Parkour. E fazia isso no campus onde estudava artes. Muita gente conhece até hoje meu trabalho (e a mim) por isso. Fiz durante 6 anos na Unirio. Legal. Para muitos, eu sou louco. Viam e diziam: “esse cara é louco”. E tantas outras coisas. Usar uma meia de uma cor diferente. Descolorir o cabelo. Raspar um lado, Deixar grande e de várias cores. Sei lá. Coisas banais. E isso era muito importante (para os outros), a ponto de me definir. Criar uma identidade (perfeitamente distinta de quem eu sou de verdade, mas de quem a persona era). Eu agora já não tenho tanta disponibilidade de explicar (porque de 2013 até agora tenho feito isso, principalmente com esse blog), tampouco de fazer (nas férias vou tentar brincar de artes...). Agora sigo pouco prestativo para minha própria teoria do teatro (mesmo que ela tenha me ajudado para minha teoria existencial e necessariamente social), que parte justamente do fazer, não importa para quem, nem quando, mas sim como e por que.
Ah, acho que VERGONHA é quando lembro alguns conflitos, os enfrentamentos, os olhares... definitivamente estou mais feliz na pesquisa social, pelo máximo que esteja precisando correr atrás de conceitos que utilizava de forma mais genérica. Agora preciso de uma compreensão mais sistêmica. Exemplos: Estado, cidadania, democracia, gênero e violências, política, economia, capital, classe, não-classe, sociedades... para cada palavra muitos autores, escolas acadêmicas... correntes teóricas... o curso de História foi minha base inicial para pesquisa, era o que eu sonhava ser... e sou... Historiador e artista...
Vergonha alheia de mim mesmo é um conceito que quero esquecer a partir desse texto publicado. Mesmo que ele se eternize, não quero mais sentir isso por mim mesmo... hoje tento... juro que tento ser alguém melhor a cada nova situação... mesmo eu achando que sempre fui alguém legal na medida do possível... quando percebo que posso estar ofendendo, tento me explicar calmamente. Se por algum motivo você não compreender o que eu quis dizer... pode perguntar... pode questionar..  
Acredito que todos passam pelas incertezas... então, se esse texto quer dizer alguma coisa, para os mais novos do que 30 anos, ou para quem estiver se sentindo desnorteado... “Vai dar tudo certo... vai com calma... respira, evita cometer os mesmos erros...”!!!!!!!!!!!! O MUNDO GIRAAAAA... e não podemos esquecer quem somos!!!!


Lembrar que Dia 20 de outubro de 2016 estarei no V Congresso Internacional do Núcleo de Estudos das Américas (NUCLEAS) .


Meu simpósio com Elena Shuck (UFRGS):

POL 11 - POLÍTICAS DE ATENÇÃO AS MULHERES E A INTERFERÊNCIA DO ESTADO NOS DIREITOS DE REPRODUÇÃO FEMININA: CONVERGÊNCIAS E DIFERENÇAS REGIONAIS



Endereço: R. São Francisco Xavier, 524 - 1°andar - Sala 1006 A - Maracanã, Rio de Janeiro - RJ, 20550-900

Local: Sala 8050 Bloco F - 8 andar

Horário: 14:30 às 17:30

link do evento:http://www.vcongressonucleas.com.br/


Beijocas


Lucas Leal

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